DCM: A agonia de mídias como tevê, jornal e revista nas sociedades mais avançadas

Autor: Paulo Nogueira
DCM

Os fâmulos das grandes empresas jornalísticas – Merval e Reinaldo Azevedo à frente — continuam em sua patética campanha para levar todo o dinheiro da publicidade do governo para seus patrões.

Eles fazem à luz do dia o que os donos da mídia fazem na privacidade dos gabinetes de Brasília.

É uma luta insana pela manutenção de mamatas e privilégios de anos, décadas. E pelo atraso também. O que os fâmulos querem é que o dinheiro público seja torrado em mídias em acelerado processo de declínio.

Vejamos o caso pelo lado técnico.

O Guardian deu, neste final de semana, um levantamento esclarecedor sobre a publicidade no Reino Unido.

Metade de todo o investimento publicitário dos anunciantes britânicos, em 2015, será na internet.

Uma em cada duas libras de um total de 16 bilhões vai terminar na mídia digital, portanto.

Todas as demais mídias – tevê aberta e fechada, jornais, revistas, rádio – terão que dividir a outra metade.

Outros países seguem na mesma direção. Na Noruega, a fatia da internet no bolo publicitário já é de 45%. Vamos para mercados emergentes, como o Brasil. Na China, a internet  já responde por 43,6% de toda a publicidade em 2015.

Observe a tabela abaixo.

Digital ad spend percentage share of total advertising spend, by country, 2015.
1. UK 50%
2. Norway 45%
3. China 43.6%
4. Australia 43.3%
5. Denmark 43.1%
6. Netherlands 35.4%
7. Canada 34.3%
8. US 31.3%
9. Sweden 30.5%
10. South Korea 28.4%

E o Brasil nesta história?

Estamos consideravelmente atrasados. Não somos uma sociedade assim tão desenvolvida, é verdade.

Mas o principal fator de retardamento é a ação predadora das grandes empresas jornalísticas.

Elas sempre tiveram enorme influência junto aos anunciantes. A Globo, com sua propina legalizada, o infame BV, é um caso à parte.

Funciona assim. A Globo adianta para as agências a verba que elas planejam gastar no ano.

Muitas agências dependem desse adiantamento. E então elas se vêem compelidas a colocar dinheiro na Globo.

Isso ajuda a entender por que, com audiências em queda constante nos últimos anos, a receita publicitária da Globo, paradoxalmente, cresce a cada ano.

Até quando os anunciantes vão aceitar a parte ruim que lhes cabe num enredo em que apenas a Globo e as agências se dão bem?

Não eternamente, com certeza. Sobretudo quando a internet é uma mídia que cresce explosivamente entre os consumidores.

O pedaço da internet na publicidade nacional é ainda pequeno, embora crescente. Deve ser algo entre 12% e 15% em 2015, um terço do que acontece na esperta China.

Nas estatais, este índice é ainda pior. Algumas das maiores delas não colocam sequer 5% de seus investimentos publicitários nos meios digitais.

É, evidentemente, um problema que tem que ser resolvido. O mundo se digitalizou, e a Secom, até aqui, não.

Gerencialmente, não faz sentido.

Basta olhar para as melhores práticas no mundo. Ou mesmo observar o comportamento do público no Brasil. A internet é disruptora – vai liquidando todas as mídia, incluída aí aquela que pareceu inexpugnável: a tevê.

Até Silvio Santos disse que vê Netflix, e não tevê convencional.

As estatais — e não só elas, de resto — têm que se encontrar, em sua publicidade, com o presente e com o futuro.

Os fâmulos das grandes e decadentes empresas de mídia querem a Secom fixada num passado da qual elas foram absurdamente beneficiárias. Combatem o mau combate. Defendem a fortuna de seus patrões e seus próprios empregos.

Seus argumentos são indecentes — e por isso esses gerentes gerais do atraso não haverão de vencer.

A esquina lendária em Londres com o luminoso Picadilly Circus

 

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