Kairo: A negação da ciência

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Pasteleiro alemão cria bolo corona para enfrentar a crise (foto: Reuters)

Por Kairo de Araújo

A sociedade brasileira vive uma dualidade, um eterno duelo de direita contra a esquerda, da ciência e a sua negação. Alguns acreditam que o coronavírus é apenas uma gripezinha, uma espécie de pandemia de segunda classe que não matará tanto como as mais letais da história, que devemos ter uma vida normal preservando apenas o que eles consideram grupo de risco.

Infelizmente na cidade de Rio Branco poucos são os que se colocam em quarentena, quem tem que ir ao supermercado, por exemplo, pode observar muitas pessoas nas ruas e um dia semelhante a um dia “útil”. Salvo pela parada do setor público, a movimentação na capital do Acre é praticamente a mesma de um dia sem a pandemia.

Muitos são otimistas e acham que aqui o vírus não terá o mesmo efeito que tem na Itália, infelizmente otimismo não conta muito frente à falta de precaução e cuidados. Não adianta pensar em um futuro tranquilo e sem enfermidade se no presente não se faz nada para se precaver e cuidar-se, não só de nossa saúde como também de pessoas queridas e valiosas.

A pessoa que hoje se encontra investida no cargo de presidente da República é um fanfarrão, talvez parte da movimentação que vemos na cidade seja influenciada pelos seus discursos, que vai contra todas as recomendações das instituições de Saúde, inclusive as recomendações do seu Ministro da Saúde. Ele é hoje o maior negacionista do Brasil, não só em relação à pandemia da Covid-19, mas no tocante aos demais assuntos científicos e históricos.

Nenhuma autoridade minimamente séria, médicos e instituições de Saúde recomendam as bobagens ditas pelo presidente, às recomendações são muito claras, reclusão domiciliar e evitar aglomerações desnecessárias. A economia evidentemente sofrerá muito e é muito provável que tenhamos uma forte recessão econômica a nível nacional e mundial.

Sem dúvida nesse momento precisamos de um chefe de Estado que tenha capacidade e inteligência para intervir de maneira positiva na recuperação econômica pós-pandemia, no nosso caso, a nível nacional estamos totalmente perdidos. Pois, ao invés de taxar a parte mais rica do país, o governo junto com o congresso já acalenta o sonho antigo de reduzir os salários dos servidores públicos.

Não podemos cair na conversa que existe contradição entre preservar vidas e a economia, até onde sabemos enfermos não conseguem trabalhar e nem mortos consomem produtos, e toda a logica econômica se baseia no consumo, seja ele de bens ou serviços.

Nem mesmo o presidente dos Estados Unidos insiste na bobagem de negar o óbvio, com o seu país se tornando o novo epicentro da pandemia, Donald Trump já começa a mudar radicalmente o seu discurso, isso mesmo, no país mais capitalista do mundo.

A negação da ciência só aumentará o caos no nosso país e estado. Em se tratando do Acre é claro a falta de estrutura que possuímos, o sistema público de saúde não é capaz de aguentar repentinamente tantos novos enfermos, o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta pediu para o governador Gladson Cameli se preparar para o pior e alertar as funerárias, a situação é seríssima.

(Kairo Ferreira de Araújo, estudante)

Em tempo: Portugal, 160 mortes por coronavírus (dados desta tarde)

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