Crônica de Dandão: Sortilégios etc. e tal

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Sortilégios etc. e tal

 

Francisco Dandão – Não sei de onde surgiu essa conversa de que sexta-feira, 13, é dia de azar. Provavelmente o santo Google, oráculo da pós-modernidade, tem a resposta. Mas a minha falta de disposição me impede de procurar. Ainda mais porque a minha mente racional não me deixa acreditar nessas coisas.

De qualquer forma, como aqueles bons espanhóis da história famosa, apesar de não crer nessas superstições, muito menos em bruxas, eu sei que tanto uma coisa quanto a outra existem. E, assim sendo, antes de sair de casa numa data dessas trato de reforçar as minhas defesas contra o sobrenatural.

Bater na madeira nove vezes (e não apenas três, como ensinam os manuais dos bons sortilégios), rezar de costas para o sol e botar no pescoço um escapulário estão entre as providências para reforçar essas defesas. Às vezes, até contrato um líbero para ficar de cão de guarda na frente da zaga.

Até o presente momento, tem dado certo. Eu saio e volto pra casa, toda sexta-feira, 13, numa nice. Sem maiores alterações, sem bolas nas costas e sem gols contra. A rigor, para fechar o corpo de uma vez por todas, eu penso que só falta comprar um patuá como aquele do técnico Marcelo Altino.

Eu sei que comprar um patuá desses vai dar o maior trabalho, uma vez que o amuleto do Marcelo Altino foi adquirido na região de Cusco, imediações de Machu Picchu. E sei que ele não o comprou. Ao contrário, lhe foi presenteado por uma feiticeira andina, depois de uma noite de amor.

Eu já estive em Cusco e Machu Picchu várias vezes, mas não vi nem sinal do amuleto. Muito menos consegui sequer um olhar enviesado na minha direção, proveniente de alguma bela feiticeira inca. Certamente, falta-me o carisma peculiar do Marcelo Altino, não por acaso chamado de “mago”.

O negócio é sério. Parece brincadeira, mas não é não. Tão sério que no dia em que o mago Marcelo Altino foi pra rua sem o seu amuleto, quase perdeu um braço num acidente de ônibus. A mídia não relatou nada disso. Não ligou um fato ao outro. Mas eu tenho certeza que foi por isso mesmo.

E o Atlético, que só pega lapada na Série D, não seria por alguma maldição também? Como é que pode, o time mandar tão bem no campeonato acreano e não emplacar quase nada no campeonato brasileiro? Só pode ser macumba da braba, a mandinga do sapo seco, alguma promessa não paga.

Como dizia Shakespeare, existem mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia. Marcelo Altino nunca mais vai sair de casa sem o seu amuleto. Eu vou acender as minhas velas. E o pessoal do Atlético que trate de descobrir uma encruzilhada para destravar o próprio destino!

Francisco Dandão – professor, escritor, jornalista, poeta, compositor…

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