Crônica de Dandão: Outro título para o Estrelão

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Outro título para o Estrelão

 

Francisco Dandão –Todas as vezes em que o Rio Branco conquista um título, como é o caso deste campeonato acreano de 2021, não posso deixar de lembrar do que dizia o falecido presidente Lourival Marques, de que o Estrelão, pela sua estrutura e capacidade de organização, deveria ganhar tudo o que disputasse.

O doutor Lourival presidiu o Rio Branco entre o final da década de 1960 e o início da década de 1970. E foi um dos responsáveis pela importação dos primeiros jogadores a vestir a camisa do clube. Fernandinho, Vale, Padreco, Espanhol, Adauto, Caíca, Luís Carlos, Eli, Roberval…!

O futebol no Acre era amador, mas todos os considerados grandes clubes pagavam os seus jogadores. Pagavam ou davam emprego. Ou as duas coisas. E ainda havia os prêmios. Os jogadores considerados de maior recursos técnicos, não raro, ganhavam automóveis, casas e outras coisas.

Na mesma época em que o Rio Branco começou com a sua política de jogadores importados, o Andirá seguiu o processo. Embora jamais tenha sido considerado um clube grande, o Morcego da Cadeia Velha tinha o patrocínio da família Dantas, cujo nome de maior destaque era o governador do estado.

Para o Andirá vieram tantos jogadores num certo período que houve quem dissesse que os caras chegaram num caminhão que passou mandando subir atletas desde o Distrito Federal, passando pelo Mato Grosso do Sul, Mato Grosso do Norte e por Rondônia. Nem todos conseguiram aprovação.

Eu lembro de pelo menos uns cinco nomes. Casos do goleiro Duplanir, que depois, salvo engano, virou roqueiro e foi morar em Xapuri; de um ponteiro chamado Peroaba, que também acabou migrando para a Princesinha do Acre; do zagueiro Pará; e da parelha de atacantes Luís França e Sabará.

Depois de Rio Branco e Andirá, o Atlético, o Independência e o Juventus também seguiram pelo mesmo caminho. E, no meu entendimento, eu considero que essa mescla entre jogadores da terra e oriundos contribuiu demais para o crescimento do nível técnico do futebol jogado naqueles anos.

Foi tanto jogador (muitos deles verdadeiros cracaços de bola) que veio para o Acre naqueles tempos dourados que se costumava, no fim de cada temporada, realizar amistosos de seleções dos “locais” contra os “importados”. E esses eram confrontos que nenhum torcedor queria perder.

Reminiscências à parte, porém, o que conta neste momento é que o Estrelão conquistou mais um título, apesar de todos os problemas que vive nos bastidores. O Rio Branco já foi um dos clubes mais importantes da região Norte. Tomara que esse título faça o time reencontrar o seu antigo caminho.

Francisco Dandão: letrista, escritor, jornalista, professor e tricolor

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