Crônica de Dandão: Placar de futsal

#cronica

Francisco Dandão – Quando o meu afilhado Manoel Façanha, editor de esportes do jornal Opinião e dono do site namarcadacal, me contou que o Galvez levou uma lapada de nove a zero (escrevo por extenso para tentar diminuir o impacto) do Clube do Remo, pelas oitavas-de-final da Copa Verde, eu não acreditei.

Como assim? Nove a zero? No meu entendimento, havia algum erro de digitação na mensagem do Façanha. Nove a zero, pensei, só se fosse um jogo entre um time profissional e um, digamos, Sub-15. Ou então, se fosse uma Copa Verde de futsal, handebol, tênis de mesa ou coisa parecida.

Corri aos sites para verificar a informação. E então, confirmei que o meu afilhado não havia cometido nenhum erro não. O glorioso Galvez, campeão acreano de 2020, levou mesmo essa porrada pra lá de federal lá na capital das mangueiras centenárias. Uma surra pra ninguém botar defeito.

Aí, após a minha perplexidade inicial, resolvi ficar pensando no que poderia ter acontecido. Talvez muita chuva no dia do jogo (em Belém chove torrencialmente dia sim e outro também), talvez um tacacá com jambu dormido servido aos jogadores acreanos, talvez uma maniçoba estragada…

Ou então, ainda nessa linha de investigação gastronômica, quem sabe, a delegação foi visitar o mercado Ver-o-Peso e se excedeu no consumo de suculentas cuias de açaí com farinha e camarão seco. Talvez alguns tenham até resolvido experimentar um prato de pirarucu com pimenta malagueta…

Tudo isso e mais um pouco me ocorreu. É que eu me recusava a acreditar que o futebol acreano estivesse tão ruim que uma goleada desse tipo pudesse ter ocorrido pela superioridade dos paraenses. Perder, ressalte-se, faz parte do jogo. Mas perder de nove, aí já me parece um tanto demais.

Mas aí, eu tava nessas de aceitar sem acreditar, procurando explicação nas minhas cartas de tarô e na configuração das estrelas num céu de primavera, quando, um dia depois, o Rio Branco foi desclassificado da mesma competição, tomando uma porrada de 4 a 1, dentro da própria casa.

Égua!”, como se diz em bom acreanês, dentro de casa? E sem tacacá, chuva, cuias de açaí, maniçoba estragada, pimenta e pirarucu? Então, definitivamente, não tem nada a ver com desarranjo intestinal nenhum. A questão é a bola mesmo, que não acredita mais no amor dos “craques” locais.

Então, caros senhores, como não se pode mudar o que passou, o jeito é sacudir a poeira (a lama, no caso do jogo de Belém), erguer a cabeça e dar a volta por cima. O futuro já é agora. Não dá tempo ficar lambendo as feridas. É necessário unir forças para que novos vexames não venham por aí.

Francisco Dandão – escritor, poeta, jornalista, cronista e tricolor

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