Crônica de Dandão: Quarentena invertida

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Quarentena invertida

 

Francisco Dandão – Morei dois anos em São Paulo, na época em que fiz meu doutorado na PUC. Por conta desse tempo, passei a gostar da capital paulista como se fosse minha cidade da vida toda. Mas os meus compromissos acadêmicos me impediram de explorá-la como eu gostaria. Principalmente suas imediações.

Dessa forma, sempre que posso volto a bater pernas na chamada “Paulicéia Desvairada”, o que fiz por esses dias, depois de um ano e meio sem dar as caras por lá. Fiquei quarenta dias entre São Paulo, capital, e diversas cidades do interior. Fiz uma espécie de “quarentena invertida”.

Naturalmente, é claro, todos os passeios foram realizados seguindo os devidos protocolos de saúde, com máscara, toneladas de álcool gel e evitando estritamente locais de aglomeração. O vírus ainda está a circular por aí e todos os cuidados são necessários, embora eu já esteja vacinado.

Falar nisso, vacina é o que não falta em São Paulo. Por iniciativa do governador João Dória, só não se imuniza no estado paulista quem não quer… Ou quem tem medo de pegar Aids… Ou quem tem medo de virar jacaré… Tudo isso seria cômico se não fosse trágico… Ou deveras patético!

Tava tão fácil se vacinar em São Paulo que eu até tomei a minha dose de reforço. Nem precisei procurar, nem nada. Um dia eu ia passando pela Av. Paulista, numa manhã de domingo, quando vi uma equipe, na frente de uma farmácia, pegando a galera no laço. Nem fila havia. Mamão com açúcar!

Foi uma temporada de muito consumo de produtos culturais. A ida aos museus ocupou boa parte do meu tempo. Catavento, Arte Sacra, Masp, Pinacoteca, Língua Portuguesa… Todos esses agora contam com a minha assinatura no livro de visitas. E pra culminar, o show de um grupo de cordas!

Só não fui a jogos de futebol. Atitude estranha para quem se diz apaixonado por esse esporte e vive escrevendo sobre isso. Atitude estranha porém justificável. Não fui porque acho que os estádios ainda não oferecem a segurança necessária para ninguém. Ainda mais para velhinhos como eu.

Mas não fiquei de todo alheio ao apelo que emana de uma bola. Quando da minha passagem por Santos, me meti por um bom par de horas pelos andares do Museu Pelé. Lindo! Divino! Maravilhoso! Para quem cultua o rei do futebol, mais do que um museu aquilo lá é um santuário!

O Museu Pelé fica no centro histórico de Santos, perto do antigo porto da cidade, na frente de uma velha estação de bondes e nas proximidades da Igreja do Valongo. Todo o local proporciona aos visitantes uma viagem na história. Transita-se de um tempo a outro num simples relance de olhar!

Francisco Dandão – cronista, professor, escritor, compositor e tricolor

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