Braga Netto procurou pai de Mauro Cid para perguntar sobre conteúdo de depoimento

A busca de Braga Netto pelo também general Mauro Lourena Cid aconteceu nos útimos 15 dias.

preso general

ICL – Juliana Dal Piva – Um dos principais motivos da prisão do general Walter Braga Netto pela Polícia Federal, na manhã deste sábado (14), foi o fato de ele ter procurado fazer contato com o pai do tenente-coronel Mauro Cid para tentar saber o conteúdo do depoimento do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro à Polícia Federal. A busca de Braga Netto pelo também general Mauro Lourena Cid aconteceu nos útimos 15 dias.

Esse movimento foi considerado pelo ministro Alexandre de Moraes como tentativa de obstrução de justiça, e por isso ele autorizou a prisão, que ocorreu no apartamento dele em Copacabana, na zona sul, do Rio de Janeiro.

Como a coluna informou, Mauro Cid denunciou em seus depoimentos ter sido coagido por Braga Netto, que também estaria pressionando Lourena Cid.

Na mesa do coronel Flávio Botelho Peregrino, na sede do PL, em Brasília, mereceu um capítulo à parte no relatório da Polícia Federal. Ex-assessor e homem de confiança do general Walter Souza Braga Netto, Peregrino guardava documentos que esclarecem detalhes do roteiro da tentativa de golpe de Estado e também mostram a preocupação com as consequências, depois que as investigações começaram.

Os investigadores encontraram um envelope com perguntas a respeito da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Segundo o relatório da PF, “possivelmente, foram feitas perguntas a Mauro Cid sobre o conteúdo do acordo de colaboração realizado por este em sede policial”.

As respostas parecem vir de Mauro Cid e relatadas por um terceiro, porque usam verbos na terceira pessoa do plural como “aliviou” ou “não falou nada”.

No documento, o interlocutor quer saber se a investigação descobriu algo sobre a narrativa construída em torno da distorção do artigo 142 da Constituição, usado pelos golpistas para tentar justificar uma intervenção das Forças Armadas na vida política, promovendo a ruptura democrática. “Minuta do 142. Existia documento físico?”, pergunta o interlocutor não identificado. “Eles sabem de coisas que não estavam em lugar nenhum (e-mail, celular, etc.)”, responde, em vermelho, a pessoa que a PF acredita ser Mauro Cid ou a pessoa que falou com ele.

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