Frio na barriga

Lembra da banda rock brasileiro Raimundos? Sucesso dos anos 90, o grupo gravou um dos seus clipes, o da música “Me lambe”, em um parque de diversões. O local escolhido, aparentemente proposital, justifica parte da letra do hit: “Eu quero te levar para onde dá um frio na barriga”. Afinal, a primeira cena que nos vem à cabeça quando pensamos nessa sensação é a de estar uma montanha russa bem alta, não é? Mas o que seria realmente esse tal “frio na barriga”?

Também chamado de “borboletas no estômago”, essa sensação é causada no nosso corpo por duas situações diferentes: nossa reação a situações estressantes, ou ainda, quando somos submetidos a movimentos bruscos. Segundo a Dra. Fabíola Grasser, médica Coordenadora de Medicina Preventiva da Unimed ABC, “Quando um grupo de pessoas é exposto a uma situação de perigo e de desfecho imprevisível, que pode variar desde um assalto até uma montanha russa, as reações são diversas, mas sempre com o objetivo de preparar-se para fuga. É o famoso estresse.”

Quando o “frio na barriga” aparece, a reação orgânica é a mesma, mas nem sempre ela é desagradável. É o caso da montanha russa, um dos brinquedos preferidos em parques de diversão. Essa situação de risco à integridade física ou psicológica pode ser chamada de “medo imaginário”, explica Gilberto Katayama, médico clínico geral do Núcleo Ser, “Embora possa existir um sistema de segurança, o corpo físico está em queda e em função disto nossa mente reconhece esta experiência como uma ameaça”, explica o médico.

Quimicamente, o que acontece no corpo é um estímulo à liberação de catecolaminas, que são a adrenalina e a noradrenalina, responsáveis pela aceleração do coração. E o “friozinho na barriga” ocorre devido à contração do estômago. A Dra Fabíola Grasser explica: “nesses momentos de excitação, ocorre também relaxamento da bexiga urinária, salivação, dilatação das pupilas e, ainda, liberação de glicose pelo fígado, para proporcionar aumento de energia, ou seja, condições para reagir à situação.”

Em qualquer situação de “frio na barriga”, as reações mais perceptíveis são gritos, choro ou riso. “Cada um agirá de uma forma”, comenta o terapeuta Gilberto Katayama, “O sinais mais claros são palidez, alteração da frequência cardíaca e respiratória. Além das reações emocionais e verbais, há também as psico motoras como agressividade ou fuga. Toda reação depende do sentido dado à experiência. São mecanismos inconscientes que envolvem o cérebro reptiliano (instintivo) e o sistema límbico (emocional)”. A Dra Fabíola completa, “as reações físicas ao estresse persistem apenas durante o período de exposição e, uma vez retirado o fator estressante, a resposta orgânica se inativa e os níveis de catecolaminas voltam ao normal”.

Outro tipo de frio na barriga

O caso da montanha russa tem uma explicação diversa, pois devido à queda brusca há uma alteração da força da gravidade, impedindo a adaptação imediata dos órgãos, que tendem a ficar no mesmo lugar antes da queda. Nessa situação, há receptores nos próprios órgãos que reagem a estímulos elétricos e causam essa sensação.

“A sensação de prazer vem pela liberação do sistema parassimpático, que provoca um relaxamento no organismo trazendo a sensação de bem-estar. Associado a tudo isto temos a constatação mental de que estamos a salvo e o cérebro, através do sistema de recompensa, libera dopamina e outras substâncias, proporcionando a sensação de prazer e nos motivando a querer repetir a experiência”, explica Gilberto Katayama.

A Dra Fabíola completa, “sabe-se que andar numa montanha russa provoca reações derivadas de um misto de medo e excitação, que podem, inclusive, imitar a excitação sexual, o que explica o desejo de muitas pessoas repetirem a dose ou mesmo prover encontros românticos num parque de diversões.”

Mas, tudo tem conseqüências e os efeitos colaterais disso são os enjôos. Eles podem acontecer devido movimento brusco. É a chamada Cinetose e ocorre em montanhas russas ou até mesmo em viagens de carro, trem, etc. A Dra Fabíola explica que a cinetose ocorre devido à sensibilidade hereditária de nosso centro de equilíbrio que fica no ouvido interno. Em movimentos bruscos ou mudanças de posição, o enjôo surge durante adaptação de nosso sistema de equilíbrio.

Sobre a fonte

Gilberto Katayama é médico clínico geral e especialista em medicina do trabalho e saúde pública. Possui diversas especializações nacionais e internacionais nas áreas de terapia regressiva, formação em psicologia transpessoal, hipnose, meditação, PNL, Frequência de Brilho, entre outros temas. Katayama atua diretor do Núcleo Ser e como instrutor do Leader Training desde 1998 e é credenciado à aplicação do MBTI pela Right Saad Fellipelli.

Fabíola T. Grasser é médica especialista em clínica médica com curso de extensão universitária em geriatria. É médica coordenadora do ambulatório de Medicina Preventiva da Unimed ABC, atuando na Promoção à Saúde e Gerenciamento de Doenças Crônicas.

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