Acre passa ter procedimento contínuo em cirurgia cardíaca

Quatro novos leitos de UTI e toda a estrutura que o serviço demanda implantados no Hospital Santa Juliana mudam, oficialmente, a partir de 1º  de dezembro, a rotina do tratamento cardiológico no Acre. Não se trata de mutirão. É mais uma ação de saúde que passará a ser oferecida continuamente pelo governo do Acre com a realização de procedimentos para fins de diagnóstico como o cateterismo, por exemplo. Mas a melhor notícia vem do centro cirúrgico.

A partir de agora, pacientes que dependiam de tratamento fora do Estado poderão ser submetidos a cirurgias cardíacas no Acre. Inclusive crianças. Três delas – uma de apenas sete dias de vida – inauguraram o serviço nos últimos dois dias com índice de recuperação acima do esperado pela equipe médica.

“O Acre abre uma nova fronteira para a saúde com essas cirurgias”, define o governador Tião Viana, que desde o primeiro mandato como senador articulou parcerias com hospitais-escola como o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo (Incor) para a troca de experiências e conhecimento que pudessem favorecer a implantação de um serviço de cardiologia de excelência no Acre.

“Isso não aconteceu de uma hora para outra. Estamos preparando esse momento há dois anos”, diz, ao explicar a complexidade em se estrutura a especialidade no Estado. Todos os procedimentos de hemodinâmica cardíaca para diagnose ou intervenções como cateterismo, fixação de stents coronários, valvoplastias, holter, mapa, angioplastias, arteriografias cardiológicas e neurológicas (estas com capacidade de avaliar danos causados por AVCs, por exemplo) serão feitas no Estado a partir do início de dezembro. Dois desses serviços – implantação e revisão de marcapasso – são feitos no Acre há mais de dois anos, promovendo um ganho econômico para o Estado e ganho social maior ainda, já que oferece o conforto do tratamento próximo de casa e dos familiares.

Para a secretária de Estado de Saúde, Suely Melo, esse é o grande objetivo do investimento do governo do Estado: o de facilitar a vida das pessoas com a humanização do atendimento e a praticidade de efetuar o tratamento sem o desgaste emocional de estar longe de casa e da família. “Só quem passa por isso sabe o valor de encontrar atendimento no próprio Estado. Sem contar que a maioria dos problemas cardiológicos é aguda, precisa de intervenção imediata e nem sempre dá para esperar transferência. Vamos deixar de enviar esses pacientes progressivamente”, ressalta Suely Melo.

Somente este ano, três pacientes necessitaram ser transportados por UTI no Ar para outros centros médicos. Os gastos com passagens de pacientes e acompanhantes para Tratamento Fora de Domicílio chegam a R$ 18 milhões por ano, sendo que mais de 70% desse total são para atender às demandas relacionadas à cardiologia. Equipes de profissionais médicos e de enfermagem do Hospital Santa Juliana recebem capacitação para atuar no núcleo de hemodinâmica. Pediatras da rede pública de saúde, do Hospital Infantil e Maternidade Bárbara Heliodora, também recebem treinamento para melhor identificar as cardiopatias congênitas.

O médico Rogério Holanda, coordenador do serviço, explica que em breve também o Hospital da Criança terá centro cirúrgico com capacidade para abrigar cirurgias desse porte. Atualmente, cirurgias são realizadas no Hospital das Clínicas. “Quanto mais leitos, melhor”, diz. Uma parceria entre Ministério da Saúde, Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas de São Paulo e governo do Estado irá abrir três vagas para residência médica na área de cardiologia.

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