Não é fácil.
E todos sabem.
Morar na floresta em condições ruins ninguém quer.
A luta desde a morte de Chico Mendes não tem sido brincadeira para dar ao homem nativo do Acre a possibilidade de viver dentro do seu próprio habitat.
Com tudo que tem direito e um pouco mais.
O debate no Acre é intenso e já leva décadas.
Começou em 70, com a invasão dos ‘Paulistas.’
Que chegaram (incentivados também), destruíram o que puderam e ganharam espaço no Estado com sua influência.
Com prejuízos incalculáveis aos seringueiros, milhares migraram para a zona urbana.
O resultado, todos conhecem.
Na década de 80 o Acre, porém, deu a grande guinada histórica.
‘Descobriu-se’ que a lógica de derrubar a floresta não servia para o Estado nem para o seu povo.
As lutas vitoriosas e os reveses durante todo esse tempo fez do Acre conhecido no mundo todo.
Mais vitórias que insucessos.
Nunca em linha reta, entretanto.
No sábado, por exemplo, mais uma conquista.
O governo anuncia investimentos de quase 30 milhões na valorização do trabalho na Floresta do Acre.
Nas reservas extrativistas.
Na emblemática Reserva Chico Mendes.
Claro, têm os que sempre torcem o nariz.
Porque enxergam que esses recursos poderiam estar sendo investidos em outro setor.
Mas, qual setor do Acre seria mais importante que a Floresta?
A Floresta para o Acre é estratégica.
Não teremos futuro de progresso pleno sem esse patrimônio.
Que talvez ainda nem saibamos direito como aproveitá-la da melhor forma.
Da forma que todos saiam ganhando.
Bem, os anúncios do governo preveem:
– investimento de R$ 28,5 milhões em todas as reservas do estado.
-projetos de geração de renda, mantendo a floresta de pé e guiados pelo ideal do líder Chico Mendes.
-o ato foi celebrado na presença de mil produtores rurais.
Ideal de Chico Mendes.
Isso é muito caro para o Acre.
E será sempre.
Porque mesmo não estando mais entre nós, Chico Mendes continua ajudando o Acre.
-O investimento é do governo do estado/governo federal.
-Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o KfW Bankengruppe (é o agente do governo federal alemão para as operações de cooperação financeira oficial (créditos e contribuições financeiras) entre a Alemanha e os países em vias de desenvolvimento.)
-Para manejo florestal das reservas serão destinados R$ 5 milhões, com o objetivo de inserir mil famílias no negócio.
-R$ 2 milhões serão destinados para o fortalecimento da produção local e R$ 3 milhões entram em parceria com a Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) para pagamento adiantado dos coletores de látex para a fábrica de preservativos Natex.
A data do anúncio dos investimentos coincide com os 24 anos de criação da Reserva Chico.
Foi o Acre que inventou, na prática, esse negócio de Reserva Extrativista.
Um desafio até os dias de hoje.
O governador afirmou na solenidade:
-Nós fomos capazes de preservar o Acre que acreditamos. É floresta em pé para gerar riqueza com o trabalho de preservação. O Chico Mendes sonhou e da cabeça dele ninguém entendia. Já hoje chamamos todos vocês para sonharem o futuro com a gente.
O secretário da Sedens, Edvaldo Magalhães, também:
-Nós vamos realizar o sonho desses trabalhadores de uma vida melhor dentro da floresta. O que nós estamos fazendo aqui é dando todos os instrumentos para que essa turma possa trabalhar e preservar a floresta.
Raimundão, primo e amigo de Chico Mendes também falou:
-Estou feliz por receber aqui, na minha colocação, essas pessoas tão queridas. Quando eu cheguei aqui, mais de 90% dos nossos companheiros não sabiam nem ler, nem escrever, nem tinham registro. Hoje esse número é o contrário.
Raimundão não tá falando de ‘ouvi falar’.
Esse senhor é figura central do movimento que mudou o Acre para melhor.
Que talvez precise ter o reconhecimento que ainda não teve como um dos lutadores das causas da Floresta acreana.
Por tudo isso e muito mais o Acre é diferente.
Um Estado dentro da Amazônia completamente distinto de todos os outros estados da mesma região amazônica.
Em tempo: por isso o candidato tucano ao governo do Acre, MBittar, não entende o Acre e o seu jeito de ser.
[com informações e dados oficiais do Governo do Acre]
Goool da Dilma!
Pelo menos 60 milhões.
São com esses recursos que prefeitura de Rio Branco e governo do Estado vão dar início às obras de duplicação de algumas avenidas e ruas da cidade.
E aqui nem terá Copa.
Frios Vilhena
A alegria pelo empreendimento ousado no município de Brasileia merece uma foto especial.
Claro.
Pirão do Raimundão
Escreveu Perpétua na sua página pessoal do FB:
-Depois de uma bela agenda onde assinamos convênios para investimentos em ramais, produção da castanha, borracha, açudes, plantio de seringueira, açaí e madeira certificada, almoçamos na casa do líder seringueiro Raimundo Barros, o Raimundão. Foi bom estar na companhia do governador Tião Viana e desembargadora Eva Evangelista.
Alerta geral, Soldados da Borracha!!!
Não se sabe ao certo o que foi discutido numa reunião do Sindicato, com cerca de 15 velhinhos Soldados da Borracha na sexta-feira, em Rio Branco.
Mas a deputada Perpétua alerta:
1 – Os Soldados da Borracha que vão receber os 25 mil não precisam pagar absolutamente nada para Sindicato nenhum, para advogado nenhum, para ninguém.
2 – Nem são obrigados a continuar pagando mensalidades.
Fiquem espertos os velhinhos e seus familiares!!
A festa de Paolino
Arraial no principado de Sena, organizado pelo Pe. Paolino, há meio século.
Entrevista do Domingo – Cristóvam Buarque
Amanhã no Senado, o uso recreativo e terapêutico da Maconha entra em debate.
E a coluna publica entrevista com o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) sobre o tema.
Uma entrevista sensacional de alguém que ainda não tem opinião formada completamente, mas que é muito esclarecedora.
O senador assumiu a tarefa de coordenar uma discussão no Senado a respeito da liberação e regulação da maconha.
A entrevista foi feita pela Agência Senado.
——
Após avaliar o relatório dos consultores, o senhor já tem uma opinião firmada?
Cristovam Buarque – O estudo é um dos mais bem feitos que já recebi da Consultoria. Mas prefiro não considerar isso suficiente para decidir. Vou tomar muito cuidado e nem vou me deixar levar por um sentimento pessoal que tenho. Ou, na verdade, que não tenho, porque tenho uma ambiguidade em relação ao assunto. Tenho que ouvir muitas outras vozes. Vozes críticas, por exemplo. Há pessoas que defendem o uso de medicamentos originados da maconha, mas são contra a regulamentação do consumo para divertimento.
Quem são essas vozes a serem ouvidas?
Cientistas, gente da área de saúde, usuários e pessoas que representam, digamos, o sentimento moral da sociedade, porque isso também quero levar em conta.
Igrejas?
Sim, embora não seja isso que vá decidir. Se fosse por aí, não teríamos divórcio no Brasil até hoje, porque a igreja era radicalmente contrária a uma lei assim.
Mas o senhor acredita que a sociedade está pronta para caminhar nesse sentido? Pode-se considerar a liberação da maconha uma evolução?
Não vamos chamar de evolução. Os jovens estão prontos para uma posição de regulamentação do uso da maconha. A sociedade inteira, eu já não sei. Acredito que quando o assunto for realmente colocado em pauta as igrejas vão se manifestar. Quando o aspecto moral pesar, acho que a pressão contra esse projeto vai ser grande.
É o caso de se fazer um plebiscito?
Sim. O Brasil faz pouquíssimos plebiscitos. Sou favorável a plebiscitos até naquilo que me horroriza o risco do resultado. Por exemplo, sou favorável a um plebiscito sobre pena de morte. Vou fazer uma imensa campanha contra, mas quero ouvir o povo. Quero ouvir o povo sobre a redução da maioridade penal, embora eu vá morrer defendendo a idade penal como está. Da mesma forma, a obrigatoriedade do voto. Sou contra o voto facultativo, mas sou favorável ao plebiscito e cabe a mim tentar convencer as pessoas de que a eleição é um processo pedagógico do qual elas são obrigadas a participar.
O que seu eleitor espera do senhor em relação a esse tema?
Não tenho ideia. Tenho muitos votos na juventude e imagino que eles sejam favoráveis à liberação. Quando ando pelos corredores da UnB [Cristovam é professor da Universidade de Brasília] vez ou outra ouço gritos: “Libera, Cristovam”. Mas meu eleitor não é só esse jovem de cabeça aberta. Tenho muitos eleitores evangélicos, católicos. E, embora eu me ache avançado de ideias, sou muito quadrado na minha vida pessoal.
Entre regulamentação para alguns usos, descriminalização regulamentada e liberação total, onde o senhor mais enquadraria seu voto?
Não sei ainda. Mas há um detalhe. Acho que a liberação total da maconha seria um risco muito grande, não só em relação à própria maconha, mas em relação a todas as drogas. Até o cigarro e o álcool têm regulamentação. Por exemplo, a proibição de publicidade de cigarro, a advertência sobre o consumo de cerveja, a lei seca nas eleições, as embalagens com imagens de vítimas do produto no caso do cigarro.
O que pesa mais na sua consciência de legislador? As questões mais objetivas, como a saúde pública, ou de ética e moral?
Algumas perguntas têm respostas objetivas: a regulamentação aumenta o consumo? Diminui a violência? É bom para a medicina? Resolvidas essas três perguntas científicas ou racionais, sobra uma, a da moral. A sociedade está preparada? É uma decisão que leva em conta valores, e não só dos legisladores, mas do povo.
Então, respondidas as questões objetivas sobre a maconha, pode acabar sendo uma questão de moral?
Não sei. Não vou me antecipar.
O estudo da Consultoria enumera 12 pontos positivos na liberação da maconha, como o aumento de receitas tributárias, a redução da evasão de divisas, a melhoria da qualidade do produto. Também há argumentos negativos, como a sobrecarga da Previdência Social. O que mais importa?
Não há resposta fechada. Veja que até a sobrecarga da Previdência seria relativa. Tem gente que acredita que a descriminalização regulamentada da maconha baixaria o preço do produto, e assim os usuários do crack, que vêm pesando consideravelmente a seguridade social, migrariam para a maconha [que tem efeitos menos danosos que o crack]. Mas resta saber se a maconha vai barrar a ida ao crack ou, pelo contrário, será uma porta para o consumo de drogas mais pesadas.
E o que fazer diante desse tipo de dúvida?
Talvez, correr riscos e ver o que vai acontecer.
O estudo indica que 26% dos estudantes universitários declaram usar maconha e que 8% podem ficar dependentes. Como professor que vive o cotidiano da universidade, o senhor acha que o livre acesso à maconha pode alterar essa proporção?
Não é bom ter nenhum dependente. Mas quantos são dependentes de álcool? Quantos são dependentes de cigarro? A pergunta é: em que a maconha é pior do que o álcool e o cigarro? A maconha leva ao uso de outras drogas mais pesadas do que o álcool leva e o cigarro leva?
O que causa mais inquietação na análise desse tema?
Tenho quatro perguntas fundamentais que precisam ser bem resolvidas: A regulamentação aumenta o consumo e, portanto, a dependência numa parte dos que consomem? Segunda: a maconha é uma porta de entrada para outras drogas? Tenho escutado opiniões muito conflitantes em relação a isso. Terceiro: seu uso realmente tem impacto positivo ou negativo na saúde? Ela provoca lesões ao cérebro? Em maior ou menor proporção que o álcool? E quarto: a maconha diminui a violência porque acaba com o tráfico?
O estudo distingue usos farmacêutico, industrial e recreativo da maconha. Uma possibilidade é fazer uma liberação parcial, por exemplo, apenas para uso em medicamentos?
Pode existir a separação de usos, porque uma coisa é liberar o uso medicinal e as pesquisas de laboratórios, ainda que continue proibido o uso recreativo. Mas aí é preciso ver os argumentos para a proibição do uso recreativo. Tem gente que fica bem porque toma Valium. Tem gente que fica bem porque fuma maconha. A pessoa tem direito de querer ficar bem. Mas o que temos de ver: quem fuma maconha fica tranquilo? Ou fica violento? Porque, se gerar violência, a sociedade tem o direito de se defender e não liberar. Mas, aparentemente, a violência gerada pela maconha está mais no tráfico [por ser ilegal]. Então o automóvel [dirigido por uma pessoa bêbada] pode ser muito mais perigoso que a maconha.
E se esse “direito de ficar bem” onerar a saúde pública?
Sim, a sociedade tem de zelar pela saúde das pessoas inclusive proibindo substâncias danosas ou onerosas para elas e para o Estado por essa razão.
Isso passa por uma questão de ordem moral?
Sim. O Brasil passa hoje por quatro grandes temas morais que precisamos começar a discutir. São eles: drogas, aborto, eutanásia e doação automática de órgãos, mesmo que sem o consentimento da pessoa morta ou da família. São assuntos muito polêmicos dos quais os legisladores geralmente fogem por serem desastrosos eleitoralmente. Mas tem hora em que é preciso pensar na história, e não na próxima eleição.
O senhor tem dito que não vai se candidatar mais a cargo eletivo após o fim do atual mandato [em 2019]. Isso proporciona maior liberdade para tomar um a posição?
Muito mais. Estou muito mais livre. A pessoa chega a uma idade em que não precisa continuar na vida política, ela tem o direito de se aposentar. Não vejo obrigação de sair do Senado carregado num caixão.
O senhor tem duas filhas. O que elas pensam sobre a liberação da maconha?
Que eu saiba nunca experimentaram drogas. Talvez elas sejam tão caretas quanto eu.
O senhor tem medo do que essa matéria pode virar? De vir a ser conhecido como “o senador que liberou a maconha”?
Tenho (pausa). Eu gastei muitos anos de vida para ser o senador da educação. Não quero o carimbo de “senador que liberou a maconha”. Se eu tiver de colaborar para isso, é por uma obrigação histórica da qual não posso correr. Eu sinceramente não gostaria de ter assumido esse relatório [na CDH]. Para mim ele é um “abacaxi” muito grande. Não pedi, não queria, e pensei em recusar. Quer uma das razões pelas quais não recusei? Contei para minha mulher em casa e a Gladys [esposa do senador] me disse que eu não tinha direito de ficar na história como quem fugiu de um tema que a juventude precisava que fosse discutido.
Vídeo – História
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Repórter Luiz Carlos Azenha para a Record
Por hoje, FIM