Do gab parlamentar
Romerito Aquino
Léo de Brito: Barusco não tem provas contra PT e confirma propinas na época de FHC
Após assistir ontem, na CPI da Petrobras da Câmara, as mais de sete horas do depoimento do ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, o deputado federal e advogado Léo de Brito (PT-AC) disse que ficou convencido da total falta de provas do depoente para acusar o Partido dos Trabalhadores de ter recebido propinas pagas por empresas prestadoras de serviço para a Petrobras.
“Ele (pedro Barusco) diz não saber exatamente quais foram esses valores e, se foram repassados, onde foram parar, se foram operacionalizados. Ele faz meramente uma ilação, uma ilação a respeito de que o PT teria recebido esses recursos”, assinala o deputado petista.
Léo de Brito destaca, ainda, que Pedro Barusco confirmou que o esquema de propina também ocorria na década de 1990 durante os governos de FHC e só não quis dar detalhes para não sair do que falou para o Ministério Público em sua delação premiada.
“Uma vez que ele era um dirigente de baixo escalão na década de 1990, a prática de propina era uma prática comum. Se essa era uma prática de quem podia menos, com certeza era uma prática de quem podia mais naquela época”, assinala o deputado. Veja a integra da entrevista do deputado membro da CPI da Petrobras.
Como o senhor está vendo o depoimento do ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco?
Ele está fazendo uma reafirmação da sua delação premiada e também esclarecendo algumas coisas que a grande mídia colocou de maneira equivocada ou talvez até tendenciosa.
Que coisas são essas que ele está esclarecendo?
Segundo Pedro Barusco, não houve prejuízos à Petrobras porque todas as obras foram feitas dentro da margem de preços praticada pela companhia e pelo mercado. Ele (Barusco) fala que o cartel era um agente externo, portanto não tinha como atingir a governança da Petrobras.
O que mais Pedro Barusco está esclarecendo?
Em relação a eventuais recursos que foram dados ao Partido dos Trabalhadores, ele estima valores. Ou seja, ele diz não saber exatamente quais foram esses valores e, se foram repassados, onde foram parar, se foram operacionalizados. Ele faz meramente uma ilação, uma ilação a respeito de que o PT teria recebido esses recursos, uma vez que ele simplesmente só administrou o dinheiro de propina que foi para ele e para o seu Renato Duque.
Pedro Barusco não tem provas, então?
Não, ele não tem absolutamente provas e como provar que qualquer recurso tenha ido para o Partido dos Trabalhadores. A imprensa fez todo um alarde em cima dessa questão, que é uma questão que, em absoluto, está comprovada com base no próprio depoimento hoje aqui do Senhor Pedro Barusco.
Pedro Barusco confirmou que as propinas da Petrobras começaram mesmo no governo FHC?
O senhor Pedro Barusco também colocou de uma maneira muito clara que começou a receber propinas na década de 1990, ainda no período do governo FHC. Agora, quando ele foi perguntado se ele era o pai da propina, uma vez que ele fala que era uma coisa isolada, ele diz que não.
Por que fica implícito que a propina já era generalizada na era FHC?
É claro que ele tem conhecimento. Só não quis se expressar aqui porque não quer sair dos termos daquilo que foi levantado na delação premiada, de que na era FHC havia, sim, prática de propina, prática de recebimento de propinas por parte de diretores. Uma vez que ele era um dirigente de baixo escalão, a prática de propina era uma prática comum. Se essa era uma prática de quem podia menos, com certeza era uma prática de quem podia mais naquela época.
Faltou aprofundar essa parte das propinas nos governos tucanos?
O que me parece é que não houve interesse da parte de quem fez os inquéritos, de quem fez as delações premiadas, de tentar esclarecer o que aconteceu na década de 1990. Mas ele mesmo coloca de maneira muito clara de que, no período em que esteve à frente da diretoria, de 1995 a 2003, era sistemática o uso de propinas pelas empresas.
Muita coisa precisa ser investigada, então?
Tem muita contradição nesse jogo e muita coisa precisa ser investigada, sobretudo em relação à década de 1990. E, claro, precisam ser comprovadas todas as afirmações que foram feitas contra o PT, que em absoluta não estão comprovadas.
[O que falou Pedro Barusco]
– Recebimento de propina se tornou um caminho sem volta;
– Não vê problemas na governança da Petrobras, mas nas pessoas;
– Acumulou desde 1997 o total de US$ 97 milhões em propinas;
– Devolverá os recursos das propinas aos cofres públicos;
– Negou extorsões junto às empreiteiras, pois na relação se acordavam as coisas;
– Por ter recebido a quantia divulgada de US$ 50 milhóes, “o PT deve ter recebido o dobro ou um pouco mais”;
– Não quis dar mais detalhes sobre a propina que diz ter recebido de forma isolada nos anos 1990;
– Se ateve ao depoimento prestado ao MPF, já que há investigação em curso.