Autor: J R Braña B.
Tenho até simpatia pela combatividade da deputada Eliane Sinhasique.
Com sagacidade, poderia ocupar um vácuo político na oposição e se tornar uma liderança de fato, mas parece que optou por outro caminho.
Esta semana uma atitude xenófoba da parlamentar na sua página no FB e um discurso na tribuna da Aleac fizeram-me repensar o desvelo pela peemedebista.
Entendo até que a sua inexperiência política, a falta de uma vivência em partidos e o seu antipetismo exacerbado a levem a ter uma postura menos responsável.
Porém a deputada do PMDB, não o PMDB de Ulisses, pregar, como pregou e está pregando uma campanha de discriminação contra os imigrantes haitianos passou de todos os limites.
É inadmissível que uma parlamentar eleita com a sigla do velho MDB, de lutas democráticas, de Ulisses Guimarães, Tancredo, Simon, Teotônio, e o nosso Adalberto Zaire patrocine uma campanha de ódio contra os haitianos que causaria inveja à filha de Jean-Marie Len Pen, o líder da ultra direita na França.
E até à Keiko Fujimori, hija do verdugo peruano que está enjaulado por crimes contra a humanidade aqui ao lado, no vizinho Peru.
Se a composição de direita, reacionária, na Assembleia Legislativa já agia com alto grau de irresponsabilidade política na gestão passada, agora é que piorou.
São rotineiras as manifestações truculentas e fascistas de alguns parlamentares que começam a rezar na cartilha do troglodita político deputado Jair Bolssonaro.
A aleac já teve Naluh e outros, que empunharam a bandeira nobre dos Direitos Humanos, da democracia e do respeito às diferenças.
Sinhasique com essa atitude contra os imigrantes presta um desserviço à sociedade democrática quando brada bem alto um comportamento contra os negros e pobres do Haiti.
Não é o caso, mas qual seria o problema de haitianos, legalmente vivendo no Acre, receberem casas para morar?
Nenhum problema.
O Brasil, deputada Sinhasique, sempre foi um país aberto aos povos do mundo.
Não existiríamos como nação plural não fossem os imigrantes de todos os cantos do planeta que aqui chegaram e ainda continuam chegando.
Eu mesmo não estaria aqui hoje não fosse o meu avô ter deixado a Espanha em direção a Cuba, Manaus e depois se embrenhado nos rios de Sena Madureira.
Sugiro que exerça o seu mandato dado pelo povo inspirada nos ensinamentos de Ulisses Guimarães, o timoneiro da Constituição de 88, que garante a todos, inclusive aos imigrantes, a plena cidadania das pessoas que vivem no Brasil.
Sejam elas nascidas no Haiti, aqui mesmo, ou em qualquer lugar.
J R Braña B.