O negócio tá feio, mesmo!
A Globo propôs reduzir um terço dos ganhos, ou seja, o piso de 2.432 cai para 1.600 e os jornalistas aceitaram.
E por quanto tempo a emissora conseguirá pagar o salário do Willian Bonner?
(Editoria oestadoacre.com
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Jornalistas da Globo surpreendem e pedem piso salarial menor
Pode parecer piada, e não deixa de ser. Mas os jornalistas vinculados à Rede Globo aprovaram em sua ampla maioria um piso salarial inferior ao decidido pela Assembleia Legislativa do Rio há menos de um mês. Enquanto o Sindicato dos Jornalistas conseguiu, depois de 20 anos, aprovar um piso de R$ 2.432, os funcionários da Globo, em assembleia, aceitaram a sugestão dos patrões que retirou 1/3 dos ganhos – assim, o piso passaria a R$ 1.600. Para a presidente do Sindicato, os trabalhadores se deixaram levar pela pressão patronal. Na noite desta segunda-feira, os jornalistas iam tentar reverter a decisão global.
A redução do piso é motivada por um suposto abono da empresa, que não será incorporado ao salário. E ela ocorre num período dos mais difíceis da categoria. Desempregos em massa, fechamento de postos de trabalho e o risco de assessores de imprensa migrarem para um outro sindicato. Desta forma, a atividade deixaria de ser a de “jornalista”.
Neste período alguns casos emblemáticos ajudaram a macular ainda mais a atividade: tentativa de golpe no Sindicato, com a destituição da diretoria eleita democraticamente, e demissão de profissionais em tratamento médico. O caso mais recente foi o do editor da Band, Maurício Verfe da Feitosa, demitido durante tratamento de câncer. A Justiça decide esta semana se obrigará a empresa a reincorporá-lo. Doente, pagando aluguel e com filho de um ano, Verfe enfrenta graves problemas financeiros.
Eis a nota do Sindicato:
Colegas jornalistas do município do Rio de Janeiro,
A nossa categoria sofre a grave ameaça, neste momento, de ver rasgada a lei do piso regional recém-conquistado de R$ 2.432,72. Inconformados com a conquista histórica desse direito, os patrões tentam nos impor o fechamento da campanha salarial com um piso em valor muito inferior ao da lei, de R$ 1.600 para TV, de R$ 1.450 para rádio e de R$ 1.550 para jornais e revistas. A Lei do Piso prevê que, em caso de valores mesmo inferiores ao que ela prescreve, vale o que consta nas convenções trabalhistas.
Nesta manhã, um grupo de colegas de radiodifusão aprovaram, na primeira sessão da assembleia marcada para hoje (segunda-feira, 22/6), a proposta patronal de pisos rebaixados sob o argumento da pressa em fechar a campanha, para receber logo, ainda que parcelado, o reajuste pelo INPC de 7,13%, e a participação nos resultados.
Nesse caso, colegas, a pressa é amiga exclusivamente dos patrões. Não podemos a pretexto algum considerar razoável abrir mão de um direito legal conquistado em nome do fechamento de uma campanha em patamares tão recuados, sem qualquer aumento real e até mesmo com reajuste abaixo da perda salarial local.
Ainda podemos reverter o resultado catastrófico da assembleia desta manhã. A vitória da categoria contra o jogo sujo e a as chantagens patronais depende da sua participação, nesta noite de segunda, à segunda sessão da assembleia, às 21h, no terceiro andar do Bar Enchendo Linguiça, esquina das ruas Mem de Sá com Inválidos, na Lapa. Precisamos pensar, decidir e agir, independentemente do salário de cada um, solidariamente e com espírito coletivo. Temos de superar essa ameaça à maioria dos colegas que neste momento é beneficiada pela Lei do Piso. Precisamos nos respeitar nos nossos direitos. E isso exige, mais do que nunca, o nosso esforço coletivo.