Política Monetária e Operações de Crédito
O saldo total das operações de crédito do sistema financeiro atingiu R$3.160 bilhões em setembro, com expansões de 0,8% no mês e 9,1% em doze meses (comparativamente a 0,8% e 9,7% em agosto, na ordem). A variação mensal refletiu elevações de 1,2% e 0,4% nas carteiras destinadas a pessoas jurídicas e a pessoas físicas, que somaram R$1.676 bilhões e R$1.485 bilhões, respectivamente. A relação crédito/PIB atingiu 55%, ante 54,8% em agosto e 53,3% em setembro do ano anterior.
O crédito com recursos livres alcançou R$1.609 bilhões (50,9% do total da carteira do sistema financeiro), após elevações de 0,5% no mês e 4,9% em doze meses. Nos créditos às empresas, saldo de R$813 bilhões (+1% no mês), destacaram-se as expansões em descontos de duplicatas, outros créditos (principalmente aquisição de recebíveis) e repasses externos (influenciados pelo efeito da depreciação cambial). Em sentido oposto, as carteiras de capital de giro e de conta garantida apresentaram retração de 0,6% e 3,8%, respectivamente. O saldo de crédito livre às famílias manteve-se estável em R$796 bilhões, com contrações nas carteiras de cartão à vista e veículos e crescimentos em crédito consignado e outros créditos.
Os financiamentos com recursos direcionados alcançaram saldo de R$1.552 bilhões (+1,1% no mês e +13,8% em doze meses). As operações com pessoas físicas somaram R$689 bilhões (+0,8% no mês), destacando-se o arrefecimento do crédito imobiliário, cujo crescimento em doze meses recuou para 19,8%. No segmento corporativo, o saldo registrou expansão mensal de 1,4%, atingindo R$863 bilhões, sobressaindo os financiamentos para investimentos com recursos do BNDES, que refletiram o efeito da depreciação cambial, e o crédito rural.
Entre os setores de atividade econômica, os créditos destinados à indústria de transformação, saldo de R$463 bilhões, cresceram 1,3% no mês, com ênfase no ramo de petróleo e combustíveis. Os empréstimos ao comércio registraram recuperação, alcançando saldo de R$301 bilhões (+1,7%), enquanto os saldos destinados aos setores de administração pública e transportes totalizaram R$117 bilhões (+3,2%) e R$167 bilhões (+1,6%), respectivamente.
Consideradas as operações acima de R$1 mil, o crédito destinado à região Sudeste, alcançou saldo de R$1.698 bilhões, com expansão de 1,1% no mês, destacando-se as operações para pessoas jurídicas, que respondem por 60% do crédito na região e cresceram 1,7%. Nas demais regiões, nas quais predominam os empréstimos para pessoas físicas, o crédito registrou expansões de 0,6% na região Sul (saldo de R$548 bilhões), 0,7% no Nordeste (R$398 bilhões), 0,7% no Centro-Oeste (R$325 bilhões) e 0,7% no Norte (R$117 bilhões).
I.1 – Taxas de juros e inadimplência
A taxa média de juros das operações de crédito do sistema financeiro, computadas as contratações com recursos livres e direcionados, atingiu 29,3% a.a. em setembro, registrando aumentos de 0,3 p.p. no mês e de 5,5 p.p. em doze meses. No crédito livre, o custo médio situou-se em 46,2% a.a. (+0,8 p.p. no mês e 9,4 p.p. em doze meses), enquanto nas contratações com recursos direcionados recuou para 9,8% a.a. (-0,4 p.p. no mês; + 1,7 p.p. em doze meses).
No segmento de pessoas físicas, a taxa média subiu 0,4 p.p. no mês e 6,4 p.p. em doze meses, atingindo 37,4% a.a. Nas contratações das famílias com recursos livres, a taxa média de juros aumentou 1,1 p.p., para 62,3% a.a, sobressaindo as elevações em cheque especial (+10,5 p.p.) e cartão de crédito rotativo (+10,8 p.p.). No crédito direcionado, o custo médio declinou 0,1 p.p. no mês, para 9,8% a.a.
Nos empréstimos às empresas, a taxa média de juros situou-se em 20,4% a.a., mantendo estabilidade no mês e subindo 4 p.p. em doze meses. Nas operações com recursos livres, a taxa média aumentou 0,6 p.p. no mês, para 29,3% a.a., destacando-se as altas em capital de giro (+0,8 p.p.) e conta garantida (+1,3 p.p.). Nas contratações com recursos direcionados, a taxa atingiu 9,7% a.a., após redução de 0,8 p.p., determinada principalmente pelos financiamentos para investimentos do BNDES (-1 p.p.)
O spread bancário no crédito total recuou 0,3 p.p. no mês e aumentou 3,1 p.p. em doze meses, situando-se em 18,5 p.p. Os indicadores relativos aos segmentos de pessoas físicas e jurídicas alcançaram 26,3 p.p. (-0,2 p.p.) e 9,9 p.p. (-0,6 p.p.), respectivamente. No crédito livre, o spread diminuiu 0,5 p.p., situando-se em 31,5 p.p., enquanto, no direcionado, recuou 0,3 p.p., para 3,4 p.p.
A inadimplência das operações de crédito do sistema financeiro, referente a atrasos superiores a noventa dias, permaneceu estável no mês em 3,1%, observando crescimento de 0,2 p.p. em doze meses. As taxas de inadimplência também permaneceram estáveis nos créditos às famílias e às empresas (em 3,9% e 2,4%, respectivamente) e nos segmentos livre e direcionado (em 4,9% e 1,2%).
II – Evolução dos agregados monetários
A média dos saldos diários da base monetária alcançou R$231 bilhões em setembro, após crescimento mensal de 0,7%, resultante das elevações de 3,9% nas reservas bancárias e de 0,1% no papel-moeda emitido. Em doze meses, houve recuo de 0,4%.
Entre os fluxos mensais dos fatores condicionantes da base monetária, sobressaíram os depósitos de instituições financeiras, influenciados pela elevação da alíquota do compulsório sobre depósitos a prazo de 20% para 25%, e as vendas líquidas de divisas no mercado interbancário, com impactos contracionistas de R$27,6 bilhões e R$27,5 bilhões, respectivamente. Os ajustes nas operações com derivativos e as operações com títulos públicos federais, que incluem a atuação do Banco Central no ajuste da liquidez no mercado monetário, implicaram expansões respectivas de R$38,6 bilhões e de R$12,7 bilhões. O impacto referente aos títulos públicos refletiu colocações líquidas de R$12,5 bilhões no mercado primário e compras líquidas de R$25,2 bilhões, no mercado secundário.
O saldo médio diário dos meios de pagamento restritos (M1) situou-se em R$297,6 bilhões em setembro, ao registrar queda de 0,7% no mês, correspondente aos declínios de 1,2% nos depósitos à vista e de 0,2% no papel-moeda em poder do público. Em doze meses, o M1 recuou 5,8%.
Os meios de pagamento no conceito M2, que compreendem o M1, acrescido dos saldos dos depósitos de poupança e dos títulos privados, cresceram 0,2% em setembro, totalizando R$2,2 trilhões. A poupança registrou resgate líquido de R$5,3 bilhões, atingindo R$646,6 bilhões, com retração de 0,1% no mês. O saldo de títulos privados aumentou 0,5%, somando R$1,2 trilhão, influenciado por captações líquidas de R$6 bilhões em depósitos a prazo.
O conceito M3, que compreende o M2, as quotas de fundos de renda fixa e os títulos públicos que lastreiam as operações compromissadas entre o público e o setor financeiro, avançou 0,5% no mês, totalizando R$4,5 trilhões, ao refletir crescimento de 0,7% no saldo das quotas de fundos de renda fixa, que somaram R$2,2 trilhões. O M4, conceito que compreende o M3 e os títulos públicos de detentores não financeiros, registrou elevação de 0,1% no mês e 9,1% nos últimos doze meses, atingindo o montante de R$5,3 trilhões.