Kairo: ‘Cidadão de bem’ e as Fakes News

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Charge publicada em http://evivaafarofa.blogspot.com/

Por Kairo Ferreira de Araújo

Quem é ou como se enxerga a pessoa que se considera carregador da alcunha de “cidadão de bem”? Um ser ilibado e puritano que chega, em sua visão de si, quase a perfeição moral e ética! E para completar o perfil é um “cristão” ferrenho e apoiador do “líder supremo” que, pasmem, não se trata do Deus deles, mas de outro “Messias”.

Aqui de forma alguma temos a pretensão de criticar qualquer que seja a religião e crença, mas não podemos deixar passar uma visão hipócrita e que nada representa os valores de caridade e bondade apregoados por Cristo. O “Messias” atual tem uma terrível mania de grandeza e apesar de ser um produtor ambulante de fake news, se acha representante de uma moral cristã, seus apoiadores também são adeptos das fakes, da perseguição e intolerância com aqueles que ousam criticar o despreparado presidente da República.

É perigoso quando um grupo de pessoas se dizem representantes das ideias e pensamentos de Deus, como nos diz Daniel Gomes*[1] em seu livro: “Por isso, ouso fazer uma espécie de inversão da frase citada por Sartre; quando acredito firmemente que Deus existe, comunica-se comigo e que todos os meus atos são manifestação de sua vontade, meus gestos violentos não são gratuitos, mas legitimados pelo o que ele espera de mim! Se acho que estou realizando o propósito de Deus, não importa quanta guerra ou maldade eu faça, tudo sempre se justificará em nome de um suposto propósito maior.”., bem se sectários do presidente acham que estão cumprindo a suposta vontade de Deus, não importa quantas fake news eles espalham, quanta agressão gratuita e pregação de uma política de ódio seja realizada, desde que cumpra o objetivo maior, que é garantir o poder ao “ungido” e sua corja.

O pior é que parte dos seguidores de Bolsonaro ajuda a espalhar as notícias falsas, produzidas pelo dito “gabinete do ódio” em Brasília. Na situação gravíssima em que nos encontramos com o possível ápice de infecção pelo novo vírus Sars-Cov-2 nas duas próximas semanas, não é uma ideia muito inteligente estimular pessoas que podem ficar em casa a saírem, assim como não é nada esperto arrumar confusão com o nosso maior parceiro comercial (China), país que produz a maior parte dos equipamentos e insumos médicos em todo o mundo.

Países que adotaram uma postura de minimizar a pandemia tiveram graves consequências, vide o caso da Itália e o recente caso da Suécia, o país escandinavo que não tomou as medidas restritivas, conta agora com mortos na casa das centenas. Se a situação continuar se agravando, o primeiro-ministro Stefan Lofven não terá outra escolha a não ser tomar as medidas restritivas, que se mostram serem as mais eficazes no combate ao novo coronavírus. Na região da Escandinávia, a Suécia apresenta uma mortalidade bem superior aos seus vizinhos nórdicos.

O que nos espanta nessa era das fake news, é ver tantos “cidadãos de bem” espalhando tantas mentiras como se fossem verdades, eles têm uma pretensão dantesca de serem os donos da verdade absoluta, de quererem saber mais do que as Organizações de Saúde, médicos e especialistas na área. Com um suposto combate ao “comunismo” e a corrupção (que estaria em todos, exceto no atual governo e neles), esses falsos cristãos dissimuladamente propagam as mentiras mais absurdas, vale lembrar que em varias passagens bíblicas a mentira é condenada, e que se tratando de cristianismo o fim não justifica os meios.

Portanto, “cidadão de bem”, não questione as instituições de Saúde, não entre nessa de propagar notícias falsas. As Instituições científicas são sérias, não são guiadas pelo viés ideológico e não pertencem a um partido ou no caso da OMS a uma nação, são guiadas pelo método cientifico e por vários profissionais especialistas, para a maioria de nós que somos leigos em temas de saúde não nos resta outra a não ser acreditar na CIÊNCIA: como acreditamos quando tomamos vacinas, quando levamos um familiar doente ao médico, quando vacinamos nossos filhos recém-nascidos, quando fazemos o uso prescrito de medicamentos, em todas essas ações demostramos a nossa confiança na ciência.

*[1]Carvalho, Daniel Gomes de. (2020) Filosofia para Mortais: Pensar Bem para Viver Bem. Rio de Janeiro: HarperCollins Brasil.

 

 

 

 

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