Cesário: ‘O modo PT de governar foi bem avaliado’

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Cesário Campelo Braga

2020: uma vírgula na história

As eleições nem acabaram e já se multiplicam nas redes sociais análises sobre o desempenho do PT acreano no processo eleitoral. E o que vemos são avaliações apressadas dos adversários políticos, que tripudiam do resultado e decretam a extinção do maior partido de massas da história acreana. Mas também daqueles que enxergam no PT uma luz de esperança e exigem de nós uma profunda transformação, uma reaproximação das raízes históricas do partido.

Para tristeza dos que desejam a extinção do PT, a realidade mostra que essa tese não passa de mera retórica. Mesmo ainda pendente de uma reflexão bem “pé no chão” sobre o resultado das urnas (ela será feita em momento oportuno), trago uma pequena avaliação dos números e de como a eleição de domingo manteve o partido posicionado como uma força representativa da sociedade acreana.

Dos vinte e dois prefeitos eleitos quatro são do Partido dos Trabalhadores: Fernanda Hassen, em Brasiléia; Bira Vasconcelos, em Xapuri; Isaac Lima, em Mâncio Lima, e Jerry Correia, em Assis Brasil. Somos o terceiro partido que mais elegeu prefeitos no Acre.

O modo petista de governar foi mais uma vez bem avaliado. Reelegemos 100% das prefeituras que tínhamos, em mais uma demonstração que nossos governos dão certo. Com as quatro prefeituras, alcançamos 8,18% da população do Acre, ficando atrás apenas do PP e do MDB, e à frente do PSDB e do PSD. O partido recebeu a quinta maior votação entre as candidaturas majoritárias do Acre. O equivalente a 8,36% de todos os eleitores teclou o 13 na urna.

Em relação às eleições proporcionais, o PT elegeu a quinta maior bancada no Estado, tendo ficado em quinto lugar no percentual de votos recebidos. São 18 companheiros e companheiras eleitos vereador em Xapuri, Rodrigues Alves, Porto Walter, Plácido de Castro, Marechal Thaumaturgo, Manoel Urbano, Mâncio Lima, Jordão, Epitaciolândia, Capixaba, Brasiléia e Assis Brasil. Dentre estes, mulheres, negros, indígenas e LGBTs.

Para alguns os números podem parecer tímidos, dado o histórico de vitórias eleitorais do partido nas últimas duas décadas, de 1998 a 2018, quando foi tão virtuoso em eleger governadores, senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores – o mais vitorioso em toda a história política do Acre. Porém, são números extremamente representativos para a conjuntura política local, dada a avalanche de extrema-direita ocorrida em 2018.

Sobrevivemos ao furor radical que maltratou o campo popular na eleição de 18. Em 2020, dada a força e combatividade dos nossos líderes e militantes, nos mantivemos em pé, cientes que a nós cabe a defesa da democracia e dos valores fundamentais da justiça social, dos direitos humanos e da preservação do meio ambiente, contra o tirano e genocida Governo Bolsonaro e seus aliados locais.

Contudo, não podemos deixar de pensar que cabe sim uma reflexão profunda sobre esses processos. E, principalmente, uma avaliação das razões do decréscimo da representatividade política e eleitoral do PT nas últimas duas eleições. Três perguntas me parecem centrais nessa avaliação: o Partido dos Trabalhadores continua representando os excluídos da sociedade? Nosso programa está condizente com a tarefa de representar os trabalhadores e trabalhadoras? E, por fim, o poder para nós ainda é meio ou teria virado um fim?

Não me atrevo responde-las sozinho. Essa deve ser uma obra coletiva e que requer certo tempo de amadurecimento. Acredito, porém, que no momento devemos seguir no caminho trilhado, mantendo a luta pela construção de uma outra realidade em que justiça social e defesa dos interesses da classe trabalhadora sigam sendo a fonte de energia a nos mover. Governar com responsabilidade os municípios que ganhamos é parte desse caminho.

Devemos refletir muito, mantendo-nos o mais próximo possível das pessoas, deixando nossas certezas e crenças a todo momento à prova, fazendo com que a luta política seja fruto das nossas convicções e da sincera conexão com as necessidades de quem mais precisa de um partido popular e progressista como o PT.

Cesário Braga – presidente do PT do Acre

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