Coronavac: 80% de eficácia para prevenir mortes 14 dias depois da 2ª dose

covid

#coronavac

Estudo com 10,5 milhões de pessoas foi divulgado pelo ministério da saúde do Chile, um dos países que mais têm vacinado.

BBCBrasil

Morte por covid após vacina: o que explica internações e casos raros de óbito mesmo após duas doses?

 

Relatos nas redes sociais contam histórias de pessoas que se infectaram por covid-19 ou morreram de complicações da doença mesmo após tomarem a vacina.

O caso do cantor Agnaldo Timóteo, por exemplo, foi um dos mais recentes — e notórios. Ele já havia tomado a segunda dose do imunizante quando começou a apresentar sintomas do novo coronavírus e veio a falecer semanas depois.

Ele não foi — e provavelmente não será — o único. Mas casos assim, ainda que amplamente noticiados pela imprensa, devem ser tratado como um “evento raro” e não significa que as vacinas não funcionam, principalmente se forem tomadas as duas doses do imunizante, no intervalo correto (leia mais ao fim da reportagem).

“As pessoas têm muita dificuldade de entender qual é a função de uma vacina”, diz Natalia Pasternak, bióloga e divulgadora científica brasileira, fundadora e primeira presidente do Instituto Questão de Ciência. “Elas acham que a vacina é mágica. Ou seja, tomou a vacina, está protegido; não tomou, vai ficar doente. Não é assim que vacinas funcionam.”

Segundo Pasternak, as vacinas “reduzem a chance de ficarmos doentes, a chance de precisarmos de hospitalização e a chance de morrermos”.

“Basicamente, trata-se da redução de risco que observamos em uma população. Casos individuais não servem para a gente dizer se uma vacina é boa ou não. Precisamos olhar como essa vacina se comporta em uma população.”

“Em determinada população, a vacina reduziu a incidência da doença? Então, ela funciona”, resume.

E foi exatamente isso que os testes de eficácia das principais vacinas disponíveis no Brasil e no restante do mundo mostraram.

A taxa de eficácia geral da CoronaVac, por exemplo, a vacina mais usada no Brasil, é de 50,38%. E a proteção é de 78% para casos leves, segundo informou o Instituto Butantan em janeiro deste ano.

Isso significa que a vacina reduziu em 50,38% o número de casos sintomáticos entre os voluntários da pesquisa e em 78% o número de infecções leves.

Durante os testes, nenhum participante vacinado morreu ou foi hospitalizado por covid-19, o que fez o governo de São Paulo divulgar na ocasião uma taxa de 100% de eficácia para casos graves.

Mas o próprio Instituto Butantan esclareceu que essa informação não era estatisticamente significativa.

Isso porque não se sabe se foi a vacina que evitou os casos graves durante o estudo ou se eles não teriam ocorrido de qualquer forma, já que o número de casos graves no grupo placebo não foi significativo.

“Em outras palavras, se você tomar a CoronaVac, você reduz pela metade ou em 50% a sua chance de ficar doente comparado com alguém que não se vacinou. É isso que essa vacina faz. Ela reduz a sua chance de ficar doente pela metade. Já a sua chance de desenvolver doença grave é reduzida em praticamente cinco vezes comparado com alguém que não se vacinou. Nenhuma vacina oferece proteção de 100%”, explica Pasternak.

No Chile, onde a CoronaVac também é a vacina mais aplicada (90%), testes recentes de larga escala mostraram resultados até mais otimistas.

Segundo o Ministério da Saúde chileno, um estudo com 10,5 milhões de pessoas mostrou que o imunizante tem 80% de efetividade para prevenir mortes, 14 dias depois da segunda dose. Os resultados mostram que a vacina chinesa foi efetiva em 89% para evitar a internação de pacientes críticos em UTIs, em 85% para prevenir as hospitalizações e 67% para impedir a infecção sintomática da doença.

O Chile é um dos países que mais vacinam no mundo. Quatro em cada 10 chilenos (41%) já receberam pelo menos uma dose, taxa inferior apenas à de Israel (62%) e Reino Unido (49%). E 30% tomaram as duas doses.(…)

 

Sair da versão mobile