No lindo Teatro Nauas, a política debate a agricultura

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Teatro Nauas, em Cruzeiro do Sul

Aleac realiza audiência pública para debater “Economia e Organização da Agricultura do Juruá”

 

Foi realizada nesta sexta-feira (1), no Teatro dos Nauas, em Cruzeiro do Sul, uma audiência pública para debater sobre a “Revolução Silenciosa do Agronegócio na Região do Juruá”.

O encontro foi promovido pela mesa diretora da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) por meio do seu presidente, deputado Nicolau Júnior (Progressistas).

Além dos deputados estaduais, participaram do evento o vice-governador do Estado, Major Rocha, o prefeito de Cruzeiro do Sul, Zequinha Lima, a deputada federal Jéssica Sales, o presidente do sindicato dos trabalhadores rurais de Cruzeiro do Sul, Francisco das Chagas, vereadores , produtores rurais e empresários da região.

O presidente Nicolau Júnior deu início a audiência pública destacando a importância do Agronegócio na Regional do Juruá. O progressista disse que o Agronegócio merece um olhar mais profundo do parlamento acreano.

“É com muita honra que nós os recebemos aqui na cidade de Cruzeiro do Sul para a realização de uma audiência pública que tem por objetivo tratar sobre questões de economia e da organização da agricultura do Juruá.
Temos potencialidade, mas também muitas dificuldades. Por isso estamos aqui para ver no que podemos melhorar”, enfatizou.

O parlamentar agradeceu, ainda, a presença dos deputados estaduais no encontro. “Esta audiência, de autoria da mesa diretora da Aleac, conta com a presença grandiosa dos deputados estaduais que se deslocaram para Cruzeiro do Sul trazendo a Assembleia até vocês, para ouvir e ajudar a produção agrícola da região do Juruá no que for preciso. Este é o momento de vocês falarem. Nós estamos aqui para ouvi-los e para ajudar no que for necessário”, disse o presidente da Aleac.

O primeiro secretário do parlamento acreano, deputado Luiz Gonzaga (PSDB), lamentou a falta de investimentos no setor rural da região.

“Sabemos o quanto essa região tem potencial, o quanto ela tem como ajudar economicamente nosso estado. Um exemplo disso é a nossa farinha, que é a melhor do Acre. Por isso, eu afirmo que a produção da farinha precisa ter uma nova dimensão, temos algumas casas de farinha automatizadas em Cruzeiro do Sul e que estão dando muito certo. Nós precisamos de outras”, observou.

O parlamentar também falou sobre a importância da regularização fundiária. “Os agricultores têm a terra, mas não têm a documentação. Nós precisamos nos juntar com os nossos senadores e deputados federais para documentar as áreas dos nossos produtores. Outro problema é a questão da assistência técnica. A falta de maquinário dificulta muito a vida dos nossos agricultores”, enfatizou.

O Vice-governador Major Rocha (PSDB) também participou do encontro. Em sua fala o gestor parabenizou a Aleac pela iniciativa.

“Estou muito feliz de estar aqui discutindo um tema tão relevante como este. Lembro que no início do nosso governo nós dizíamos que esse seria o governo do Agronegócio, mas infelizmente sou obrigado a constatar que estamos devendo muito para este setor”, disse.

Major Rocha, vice-governador do Acre

Major Rocha reconheceu que houve avanços no setor rural , mas que muito ainda precisa ser feito pelos produtores rurais do Estado.

“Temos avanços sim. O Acre tem hoje 10mil hectares de soja plantada, mas isso alcança menos de 10 mil produtores rurais dos 20 mil que temos. Isso é  muito pouco. Temos muito o que avançar ainda. Por isso falo novamente, não existe produção sem ramal e sem assistência técnica. Isso precisa mudar”, complementou.

Para o vice-presidente do Poder Legislativo, deputado Jenilson Leite (PSB), o Acre precisa urgente mudar a sua  plataforma de produção. “A nossa agricultura representa apenas 10% do PIB do estado, isso é muito pouco. Não há no estado um incentivo, um projeto que ajude a aumentar ou inverter essa contribuição”, pontuou.

Para a deputada federal Jéssica Sales, o Acre precisa parar de exportar e começar a produzir. “Eu sei da nossa necessidade local porque eu ando por toda essa região e sou grande incentivadora do setor agrícola com minhas emendas parlamentares.  Eu sei da nossa potencialidade, precisamos fortalecer o Agronegócio. O Acre  tem que parar de ser exportador e começar a ser produtor. Para isso, a nossa bancada precisa se unir, deputados federais, estaduais e senadores precisam abraçar esta causa”, afirmou.

Zequinha Lima, prefeito de Cruzeiro do Sul, enalteceu a iniciativa do parlamento acreano. Disse que a realização da audiência pública para ouvir as demandas dos agricultores da região foi um ato de coragem dos deputados estaduais.

“Preciso fazer justiça aqui e parabenizar os nossos deputados pela atitude. Vir aqui, se expor, colocar a cara a tapa para essas pessoas é de fato não ter medo de ouvir o que está errado. Temos que reconhecer essa atitude. Eles sabem que existem problemas, mas eles querem ouvir o relato de vocês. Uma atitude nobre e corajosa. A pandemia nos ensina que nós da política temos que estar unidos”, disse o gestor.

Reivindicações dos produtores rurais:

O presidente da cooperativa de agricultura e extrativistas do Juruá, Adauto de Paula, reclamou da falta de apoio aos produtores por parte do governo. “Os agricultores se sentem desamparados pelo poder público, enfrentam muitos problemas. Faltam equipamentos e a fiscalização é intensa para evitar o fogo. O produtor não quer contribuir com a fumaça, mas é o jeito dele sobreviver”, disse.

Jairo Meireles, lider do Ramal 12,  relatou que uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos agricultores é a precariedade dos ramais.

” A desculpa do poder público é que não tem maquinário. Há cinco anos não temos um ramal de qualidade nesta região. Isso dificulta o nosso trabalho. Não temos como escoar nossa produção, metade das nossas pontes estão quebradas. Hoje, temos a BR 364 e a maioria dos ramais são de barro. Para organizar a agricultura temos de melhorar o acesso. Peço, então, que nos ajudem nesse sentido”, relatou.

O vereador e agricultor Noeca salientou que o governo do Estado fez inúmeras promessas, mas não cumpriu nenhuma.

“Moro no projeto Santa Luzia há 30 anos, e lembro como se fosse hoje que, na época da campanha, o governador Gladson falou nos quatro cantos da cidade que seu governo seria o governo do Agronegócio e, infelizmente, nada aconteceu. Não foram feitas pontes, ramais de qualidade, não foi distribuído maquinário, nada disso. Graças a Deus temos a prefeitura de Cruzeiro do Sul do nosso lado, mas ainda falta muita coisa. O produtor rural continua sofrendo”, afirmou.

Evandes Serra, do Ramal 4, disse que no Santa Luzia as pessoas estão desapontadas com o governador Gladson Cameli. “Todos os anos a conversa é a mesma. O povo não precisa de sacolão, precisa de estradas para escoar a produção e tirar o Estado da miséria”, disse.

O que os deputados estaduais disseram

Edvaldo Magalhães (PC do B)

“O governador Gladson Cameli  cometeu um erro ao centralizar as máquinas adquiridas com recursos da bancada federal sob o comando do Deracre e não das prefeituras. Ao adotar essa postura, o governo distanciou o produtor, principal conhecedor das suas necessidades, do poder público. Isso trouxe atraso no planejamento e na execução das obras de recuperação e manutenção das estradas vicinais, os ramais. Na hora de decidir como utilizar os equipamentos, na minha opinião cometeram um erro grave. Todo mundo que falou aqui, se refere aos prefeitos com certa intimidade, inclusive, os que não apoiaram. Sabe por que? Porque é quem está mais perto. É o prefeito, é o vereador, é o presidente da associação, é quem está perto. Quando foi para entregar os equipamentos, o governador Gladson Cameli (PP) cometeu um erro ao centralizar as máquinas adquiridas com recursos da bancada federal sob o comando do Deracre e não das prefeituras”.

Roberto Duarte (MDB)

“É bom poder ouvir,  nesta audiência pública, a realidade que os nossos agricultores vivem, porque discurso bonito é o que mais tem,  porém sabemos que os problemas neste setor são inúmeros e que as dificuldades que os nossos agricultores enfrentam são muitas.
Falta mecanização, trafegabilidade, assistência técnica, porque a Emater não está ajudando em nada. Eu sempre digo que a Emater tem que estar no campo. A regularização fundiária é outra questão que precisa ser tratada. A verdade é que os problemas são os mesmos há anos. Infelizmente,  nada avançou no Agronegócio do Estado. Fiz várias reivindicações, todos nós parlamentares fazemos, mas infelizmente não obtivemos melhorias”.

Antonia Sales (MDB)

“O que mais ouvimos aqui foram reclamações sobre as péssimas condições dos ramais. Tem agricultor que perde toda sua produção porque não tem como escoar. O governo precisa fazer um planejamento com seus secretários para garantir o bem-estar dos nossos produtores. Outra questão que precisa ser tratada é a atuação dos órgãos fiscalizadores, o Imac e o Ibama deveriam andar ao lado dos nossos agricultores, ajudar esses trabalhadores e não prejudicá-los. No mais, não poderia deixar de parabenizar minha filha, a deputada Jéssica Sales e o prefeito de Cruzeiro do Sul, Zequinha Lima, pelo apoio que ambos têm dado aos produtores rurais da nossa região. Esse suporte e amparo tem feito toda a diferença”.

Pedro Longo (PV)

“Estou muito feliz em estar aqui ouvindo a realidade de vocês. O prefeito Zequinha Lima deu o caminho certo para que a gente possa fazer com que essa audiência não fique só no discurso. Ele falou de parceria, e esse é o caminho. Juntos nós podemos buscar alternativas para os problemas aqui apresentados. Eu sei que falta muito, mas o governo do Estado tem se esforçado. Eu lamento muito a ausência de algumas instituições neste encontro, cadê o Banco da Amazônia? Cadê o Banco do Brasil para eles falarem porque eles não facilitam a liberação de crédito para os nossos produtores? Cadê o Secretário da Agricultura? Se a gente não se unir os inúmeros problemas que existem não serão resolvidos. Tem gente que descobriu agora que a agricultura tem problema. Eu sei reconhecer o que vem sendo feito, como a recuperação da Emater, tirando ela da extinção. Falta quase tudo, saúde, internet, luz rural, mas temos de encontrar solução e não ficar no discurso”.

Maria Antônia (PROS)

“Parabenizo a iniciativa da mesa diretora da Aleac. É uma alegria imensa poder debater esse tema que é tão importante para o nosso Estado.  Nós precisamos fortalecer o setor rural do nosso estado, os nossos agricultores não podem ficar desamparados”.

Marcus Cavalcante (PT do B)

“Como engenheiro agrônomo sei da importância da agricultura para o Estado, para o Brasil. Sabemos das dificuldades que os nossos produtores rurais enfrentam diariamente, mas o governo tem se esforçado para ajudar essa classe com a realização de convênios para recuperação de ramais e entrega de maquinário, por exemplo. Temos muito o que melhorar, eu tenho consciência disso, mas estamos nos esforçando para mudar essa realidade”.

Fagner Calegário (Podemos)

“Nós precisamos fomentar o pequeno agricultor porque são eles que movimentam a economia do nosso Estado. Assim como todos os outros colegas parlamentares, eu tenho cobrado, apontado para o governo os problemas existentes no setor rural do Estado. É lamentável que algumas instituições não estejam aqui, o Deracre por exemplo, tem trabalhado, mas se faz necessário um planejamento mais intenso. Portanto,  me somo a cada um de vocês, me sensibilizo com todas as reivindicações e tenham certeza de que estaremos sim, propondo mais uma vez ao governo do Estado, tudo aquilo que vocês estão precisando”.

Daniel Zen (PT)

“Já passou da hora de fazermos alguma coisa pelo setor rural do Estado. Muitos problemas foram aqui relatados e eu sei o que falta, planejamento por parte do governo do Estado.
Sem isso, fica todo mundo querendo apagar incêndio no bico do beija-flor. Quem dá a organização é o governo. O governo concede ao agronegócio tirando da agricultura familiar, e é necessário investimento no gado como também na macaxeira. Na verdade, é um quadripé que sustenta o nosso setor rural, ramal, assistência técnica e acesso ao crédito e mecanização. Tem que ter um programa do governo com começo, meio e fim.Tem que ter lógica, planejamento. Se não, nada vai mudar”.

Sargento Cadmiel (PSDB)

“Não existe produção se não tiver escoamento da produção. Muitos agricultores perdem sua produção por conta da falta de trafegabilidade dos ramais. Quando os rios secam,  a situação fica pior, porque não tem ramal e os rios estão secos e cheios de entulhos. Eu mesmo já tirei dinheiro do bolso para ajudar os moradores a fazer a limpeza do Rio na região de Feijó. Fora essas leis ambientais que não facilitam em nada a vida dos nossos produtores rurais. A saída para o nosso estado é a produção rural”.

Jonas Lima (PT)

“Os nossos prefeitos têm que começar a ajudar o governo do Estado a cuidar dos nossos agricultores. Em Mâncio Lima,  por exemplo, o apoio  aos produtores rurais é real, existe de fato. Eles têm o total apoio da Prefeitura  Municipal. É como eu sempre falo, a melhoria de ramais tem que constar no plano de governo de todas as prefeituras do Estado. É dever de cada prefeito amparar os seus agricultores. Em contrapartida, o governo do Estado tem sua parcela de culpa. Três anos de governo Gladson Cameli e não tem nenhum convênio para construção de pontes. A vida em muitas localidades é de muito sofrimento. Cadê o Rocha e o Gladson que diziam que o problema era falta de gestão?”.

Texto: Mircléia Magalhães/Agência Aleac
Revisão: Suzame Freitas

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