Crônica de Dandão: Um clássico da lateral

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Um clássico da lateral

 

Francisco Dandão – Dia 17 deste mês (domingo passado, portanto) fez aniversário o lateral-esquerdo mais clássico que o futebol acreano já viu (talvez jamais se veja outro igual). Falo de Antônio Maria Freire Passos, natural de Xapuri, que durante 16 anos (entre 1966 e 1981) defendeu o Atlético Clube Juventus.

Pra falar a verdade, a data estava passando em branco na minha memória cada vez mais rarefeita de neurônios. Quem tratou de me lembrar foi o amigo Mário Jorge Castro, o popular Gaguinho, outrora imbatível nos salões de sinuca da Associação Atlética Banco do Brasil de Rio Branco.

Eu e o Mário Jorge de vez em quando trocamos mensagens por um desses aplicativos aí da internet. E então, na véspera do aniversário do Antônio Maria, ele (Mário) me disse que estava saindo de casa para dar um abraço no velho amigo. Os dois, ressalte-se, moram hoje em Foz do Iguaçu.

O Antônio Maria, que nos seus tempos dentro de campo era chamado de “príncipe”, tal a fidalguia com que tratava a então “deusa branca”, completou 71 anos. E, de acordo com as palavras do Mário, ele ainda trata a bola com o maior requinte, nas peladas de velhinhos do interior do Paraná.

Dois detalhes chamam a atenção na carreira de futebolista do Antônio Maria. Primeiro que ele defendeu um único time “federado” na vida (o já citado Juventus). E segundo que ele foi um dos raros jogadores de defesa que jamais sofreu uma punição. Como se dizia, o cara jogava trajando paletó!

No que diz respeito ao Juventus, aliás, ele foi um dos seus fundadores. É que, pra quem não sabe, o embrião do Clube da Águia foi um time de ginasianos do Colégio dos Padres, onde Antônio Maria estudava. Time esse que fazia excursões ao interior, na década de 1960, e jamais perdeu um jogo.

Quanto ao fato de que o “príncipe” não sofreu punições, esse detalhe fez com que ele sofresse uma das grandes injustiças do futebol do seu tempo, uma vez que a então Confederação Brasileira de Desportos (CBD) negou ao craque o Prêmio Belfort Duarte, concedido aos atletas mais disciplinados.

Outro aspecto que torna a biografia de Antônio Maria peculiar é o de que ele se firmou como lateral-esquerdo apesar de não ser canhoto. É que o Juventus tinha um titular na lateral-direita chamado Carlos Mendes. Ele teve que ser improvisado na esquerda e permaneceu lá até pendurar as chuteiras.

Antônio Maria, enfim, faz parte de uma galeria de laterais fora-de-série que pontificaram no futebol acreano nos tempos românticos do amadorismo. Tão lendário quanto foram (cito de cabeça) Chico Alab, Mauro, Duda, Rômulo, Hélio Pinho, Flávio etc. Vida longa ao eterno “príncipe”!

Francisco Dandão – professor, compositor, poeta, escritor e tricolor

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