Crônica de Dandão: Acre x Rondônia

Futebol...

Acre x Rondônia

 

Francisco Dandão – Eu acompanho o futebol acreano mais de perto desde os primeiros anos da década de 1970. Nesse tempo, cansei de ver jogos espetaculares entre times do Acre e de Rondônia, no vetusto Stadium José de Melo. E nesse tempo sempre tive a impressão de que os acreanos eram bem superiores.

Por esses dias, entretanto, mergulhado numa pesquisa em diversas fontes hemerográficas sobre o futebol do Norte do país, a maioria presente nos arquivos da Biblioteca Nacional, eu descobri que houve uma época em que os rondonienses levavam a melhor sobre as representações seringueiras.

Foi assim, por exemplo, no campeonato de seleções de 1950 (ano, a propósito, fatídico para a seleção na Copa do Mundo), quando a seleção rondoniense (naquele tempo Rondônia ainda se chamava Guaporé) eliminou a seleção acreana depois de dois confrontos, em campos distintos.

Na partida de ida, em Rio Branco, realizada no dia 1º de janeiro, a seleção do Acre venceu a representação do Guaporé (leia-se Rondônia) por 1 a 0, gol do meio-campista Waldemar Maciel. Sair na frente, entretanto, não livrou o Acre de uma desclassificação inesperada, uma semana depois.

O troco da seleção do Guaporé veio a galope. No dia 8 do mesmo mês de janeiro, no estádio Paulo Saldanha, em Porto Velho, os anfitriões sapecaram nos acreanos uma goleada de 4 a 0. No tempo normal foi 3 a 0. Depois, por não haver o critério do saldo, veio outro gol na prorrogação.

Na competição seguinte, jogada dois anos depois, em 1952, novamente a seleção do Acre foi eliminada sumariamente pelos rapazes do então Território Federal do Guaporé. Uma vitória dos hoje rondonienses, em Porto Velho, por 2 a 1. E um empate em 1 a 1, na volta, em Rio Branco.

E não parou por aí. Mais dois anos pra frente, em 1954, outra vez o Acre amargou uma eliminação para o Guaporé. Depois de um empate em 2 a 2, em Rio Branco (Touca marcou os dois gols da seleção do Acre), no jogo da ida, sobreveio uma derrota acreana, pelo placar mínimo, em Porto Velho.

Somente no campeonato de 1956 (ano em que o velhinho aqui veio conhecer o planetinha azul) é que a seleção acreana obteve algum sucesso, batendo os rondonienses, em Rio Branco, no jogo da volta, por 3 a 1. Mas isso depois de perder o jogo da ida por 2 a 1, na cidade de Porto Velho.

E veja-se que a seleção acreana alinhava nomes que se tornaram lendários no Estado. Casos dos já citados Waldemar Maciel e Touca. E de outros, como Antônio Leó, Hugo Sena, Zelito, Tinoco, Bararu, Cidico, Dudu, Elínio, Zé Cláudio, Boá, Guimarães, Guedes, Bacelar e Mozarino!

Francisco Dandão – poeta, escritor e tricolor

 

 

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