Opinião: Qual a diferença entre Lula e Bolsonaro?

Artigo de Kairo Araújo

opinião

A sociedade brasileira chegou ao ápice da polarização, e não é necessariamente uma disputa entre esquerda e direita, mas sim, em torno da figura de Lula e Bolsonaro. Enfim, o que os diferencia? Ambos são políticos experientes, o atual presidente, antes de ocupar o cargo de mandatário foi deputado federal por 27 anos, tendo aprovado apenas dois projetos, o ex-líder sindical foi presidente da República por dois mandatos consecutivos, tendo êxitos, com a diminuição da desigualdade social, combate a fome e políticas inclusivas.

É importante frisar que não é uma disputa de seres virtuosos e imaculados, ambos têm defeitos. Não vamos cair no dualismo barato do bem contra o mal, a política é importante motor de transformação social, econômica, etc., mas não devemos idolatrar políticos, isso seria atestado de insanidade mental. A diferença marcante entre os candidatos são as formas em que eles enxergam o Estado e qual a direção que o governo deve ter na sociedade.

Como o governo atua na economia, no combate as desigualdades sociais, no combate a violência, no combate ao racismo, na preservação do meio ambiente, nas políticas inclusivas, impacta toda a sociedade. Bolsonaro tem um viés reacionário na pauta de costumes, mas no que tange a economia, com a figura do seu ministro Paulo Guedes, se mostra totalmente neoliberal. O problema desse modelo é a inadequação ao Brasil, aqui temos muitos pobres, muitas pessoas em situação de vulnerabilidade social. No neoliberalismo o Estado se torna mínimo, trocando em miúdos, o que hoje o país proporciona gratuitamente aos desfavorecidos e ao povo brasileiro em geral, como a saúde, a educação, a previdência (aposentadoria), etc. Seria ofertado a quem pudesse pagar, e somente a eles, pela iniciativa privada.

Fica claro que o modelo proposto aprofundaria ainda mais as desigualdades sociais existentes neste país, um exemplo é a PEC 32, um projeto que simplesmente acabaria com os direitos e garantias dos funcionários públicos, com a estabilidade, enfim, seria o fim da categoria. Outra proposta do Ministro Paulo Guedes, é, caso Jair Bolsonaro seja eleito, desvincular o salário mínimo e os benefícios previdenciários do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que atualmente vincula a correção monetária dos salários à inflação.

Já Lula, acredita que o papel do Estado é seguir oferecendo os serviços essenciais à sociedade, a saúde, a educação, a previdência, etc. Que o Brasil não deve ser um mero espectador e garantidor da iniciativa privada, mas, sim ter uma atuação incisiva para que ocorram as mudanças necessárias na vida dos brasileiros. Algo importante a destacar é que Lula e o PT se submetem as autoridades, as instituições e a justiça do Brasil, mesmo quando elas são flagrantemente injustas, como no caso do Impeachment de Dilma Rousseff e no processo que levou ex-presidente a prisão. Ainda que o impedimento de Rousseff tenha ocorrido com a liderança do Eduardo Cunha, senhor que até os dias atuais responde por seus delitos à justiça, e Lula tenha caído na mão de um juiz extremamente parcial e sem legitimidade, que outrora fora ministro da justiça de Bolsonaro e serve atualmente como uma espécie de cabo eleitoral e conselheiro do presidente.

Já o presidente Bolsonaro, demonstrou por varias vezes não ter o decoro que o cargo exige, o seu aliado e amigo Roberto Jefferson desrespeitou por inúmeras vezes os ministros do Supremo Tribunal Federal, como quando chamou a ministra Cármen Lúcia de prostituta, além disso, recebeu a polícia federal com balas e granadas, demostrando total desobediência às instituições e a democracia brasileira. No próximo mandato presidencial, abre-se duas vagas para ministro do supremo tribunal federal, e o presidente já demonstrou o desejo de ampliar o numero de ministros, colocando ainda mais aliados para deixar um STF não atuante, assim como faz quando troca o comando da PF quando ela investiga seus filhos.

Não é possível não falar em corrupção quando falamos do presidente e sua família, houve rachadinha, suspeita de propina na compra de vacinas, cheques suspeitíssimo do Queiroz, milhões em gasto no cartão corporativo da presidência da república, mais de 50 imóveis comprados em dinheiro vivo, o famigerado sigilo de 100 anos, o orçamento secreto etc. Clarividência que no governo há muita coisa no mínimo suspeita.

Durante a pandemia o ex-ministro Mandetta (saúde) foi retirado do cargo por puro ciúmes político, o Brasil foi o segundo país que mais perdeu vidas, apesar de ser apenas o sétimo mais populoso (Segundo World Population Prospects da ONU realizado em 2022), vidas essas que foram embora por causa do negacionismo cientifico promovido por Bolsonaro. O caso de Manaus foi emblemático, ausência de assistência do governo levou as pessoas ao falecimento por falta de oxigênio.

O presidente já deu inúmeras declarações autoritárias, e nem ele nem seus filhos demonstram respeito às instituições democráticas. O perigo que ele representa as nossas liberdades individuais é evidente, a degradação do meio ambiente e a deterioração moral que representa sua permanência na presidência é um dano de magnitude incalculável e será difícil recuperar as perdas de direitos e qualidade de vida posteriormente. O ideal é cuidar agora para não lamentar depois.

Kairo Araújo – estudantes da Ufac


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