Crônica de Dandão: Santo soldado

cronica

*Francisco Dandão – Reza a lenda que São Sebastião era capitão do exército romano quando o imperador lá da época, que eu não tenho certeza se era um certo Diocleciano ou um tal de Maximiano, descobriu que ele professava a fé cristã. Foi o suficiente para um dos dois citados condenar o sujeito à morte.

Ainda segundo a lenda, o capitão deveria ser amarrado a um poste e flechado até morrer. Por alguma razão que não está nos relatos, embora tenha sido dado como morto, depois de “virar tábua de pirulito”, o bom soldado não morreu. Foi tratado por alguém e voltou a se apresentar à corporação.

Aí não teve jeito. Em vez de compreender que Sebastião havia escapado da morte por uma intervenção divina, o imperador determinou que ele deveria ser espancado até que sua alma deixasse o corpo. E assim foi feito. O cara morreu pela fé. E então, como é praxe, o martírio o tornou santo.

Com o tempo, como já existia um santo padroeiro dos soldados (São Jorge, no caso), a Sebastião foi designado ser padroeiro das epidemias, pestes, guerras, tempestades e doenças contra os animais. Padroeiro, no caso, antes que alguém pergunte, para interceder pelos que sofrem desses males.

Com toda essa fama, São Sebastião virou também padroeiro de várias cidades no planeta. Eu me lembro de quatro, enquanto cometo estas mal traçadas: Epitaciolândia, Marechal Thaumaturgo e Xapuri, no meu estado de origem, e Rio de Janeiro, onde eu amarro o meu burro nos dias correntes.

Cada uma dessas localidades tem as suas razões para eleger Sebastião como o seu padroeiro. Falando do Rio de Janeiro, conta-se nas crônicas que o dito cujo foi visto de espada nas mãos, lutando ao lado dos portugueses, contra os franceses, pelo controle da cidade, lá pelos idos do século XVI.

Então, por conta de tudo isso, no dia 20 de janeiro é feriado aqui na Cidade Maravilhosa. Um motivo a mais (ou uma boa desculpa, se é que isso é preciso) pro povo daqui tomar bons litros de chope e curtir uma das maravilhosas praias que margeiam o lugar por quilômetros a perder de vista.

Eu pretendia ir ao futebol nesse feriado. Mas, quando procurei um jogo do campeonato carioca marcado para esta data, não encontrei nada. Teve jogo no dia 19 (Volta Redonda 1 x 2 Botafogo e Audax 1 x 1 Vasco da Gama) e tem jogo no dia 21. Mas no dia 20, necas. Só mesmo chopinho e praia.

Assim, por força das circunstâncias, eu fui parar nas areias do Posto 3, em Copacabana, a três quadras da Barata Ribeiro, rua que me abriga nesta minha temporada carioca. É verdade que o sol ficou meio escondido entre nuvens baixas. Mas nada que diminuísse o meu prazer. Tudo nos conformes!

Francisco Dandão – cronista e tricolor

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