Kairo: A sociedade imbecilizada

(...)não à-toa o governo do ex-presidente Bolsonaro reduziu impostos para área de videogames inúmeras vezes(...)

opinião

Kairo Araújo* – Boa parte da sociedade brasileira e até mundial, é imbecilizada. Parafraseando a grande filósofa francesa Simone de Beauvoir, não se nasce imbecil, torna-se imbecil. A atual era digital, do consumismo exacerbado, do imediatismo, das fakenews, da romantização do passado, tem feito um excelente serviço ao processo de “imbecialização” das massas.

(…)não se nasce imbecil, torna-se imbecil(…), Simone de Beauvoir

Um caso emblemático é o show que ocorrerá no Brasil da banda mexicana RBD, como podem pessoas adultas incidir no constrangimento de ficarem cantando coros como: “Y soy rebelde / Cuando no sigo a los demás”. Chega a dar vergonha alheia, imagine alguém que quando criança era fã da Xuxa e, agora já trintenário, vai para um show da apresentadora e fica cantando em coro “Ilari, ilari, ilariê, oh-oh-oh Ilari, ilariê, oh-oh-oh”, seria dantesco e ridículo.

Caso a nostalgia e imbecilidade ficassem em pessoas que se autoflagelam  escutando lixo infantilizado, estaria tudo ok, afinal vivemos em uma democracia e todos têm suas liberdades individuais garantidas. O grande problema é quando esse fanatismo, nostalgia e cegueira coletiva extravasa o campo da “cultura” e adentra à política.

Aí a horda de imbecilizados passa a imaginar que o passado na ditadura militar (de 1964 a 1985) era maravilhoso, que políticos que pregam Jesus ao mesmo tempo em que ladeiam e defendem o porte de arma, é a panaceia para todos os males do nosso país. Romantizam de tal forma o passado que parece é a Suíça e não o Brasil o país pintado em seus contos de imbecis, não à-toa o governo do ex-presidente Bolsonaro  reduziu impostos para área de videogames inúmeras vezes.

Quanto mais tempo a galerinha se perde no mundo digital e se isola do mundo e sua realidade, melhor, quanto menos tempo o povo passa lendo livros de história, filosofia, literatura etc., melhor, pois o mundo virtual é o criadouro e disseminador perfeito de fakenews, fantasias e “grande fin heureuse” (grande final feliz), característicos das fabulações imbecilizantes. A livraria Cultura em São Paulo fechou as portas, faliu e não me surpreenderia em nada se daqui algum tempo abrisse no lugar dela, uma igreja evangélica ao estilo pague e ganhe bênçãos do senhor, onde você entra e ganha prosperidade financeira espetacular, claro, desde que seja fiel no dízimo.

Aqui no meu amado estado do Acre não escapamos das garras da imbecilidade, quem ganhou as últimas eleições foi o governador dançarino de TikTok, o que ele fez de relevante não sabemos. Na capital não temos uma obra de grande porte iniciada e finalizada em seu governo, inegavelmente ele é uma figura carismática e faz dancinhas, talvez o seu maior dom seja para artista, como gestor não se provou, o Acre é o segundo estado mais pobre do Brasil e o grande projeto da juventude é mudar-se para Santa Catarina, a violência aqui anda a mil, o desemprego e falta de infraestrutura básica assola o estado de ponta a ponta, mas o importante é que ele dança, enquanto o povo dança.

Kairo Araújo, historiador


Artigo assinado neste espaço é de inteira responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião deste blog.

Sair da versão mobile