JV: ‘Lula me escolheu por eu ser um gestor’

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oestadoacre reproduz de OGlobo(para assinantes) trechos de entrevista de Jorge Viana, presidente reconduzido à Apex.


Mesmo não falando inglês fluente, o presidente da Apex, Jorge Viana, diz que está qualificado para o cargo, porque Lula o indicou pela sua experiência como gestor. Viana afirma que foi prefeito, governador e como senador liderou missões ao exterior.

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A decisão que suspendeu sua posse na Apex foi revertida. E agora?

 

Estou focado em trabalhar, em ajudar o presidente Lula a trazer o Brasil de volta para o mundo e para os negócios, o comércio exterior. E acho que nós estamos conseguindo. Nesses menos de cinco meses, o trabalho foi muito intenso e muito profissional também. A Apex tem um histórico, especialmente no último governo, muito lamentável, quando em 2019 virou um campo de batalha entre grupos que queriam de algum jeito se apropriar da agência. Isso fez com que, no governo passado, tivéssemos quatro presidentes da Apex. O compromisso da nova diretoria aqui é extrair dessa agência, sem nenhum tipo de manipulação, o que ela tem de melhor.

O senhor se sente qualificado a comandar a Apex sem fluência em inglês?

 

Esse grau de exigência foi feito na última mudança de estatuto, ainda sob o comando do Ernesto Araújo (ex-chanceler de Bolsonaro, ao qual a Apex era subordinada). Eu, que coordenei a área de meio ambiente da transição, e o Floriano Pesaro, que é diretor da Apex, tomamos a decisão de revisar normas e regras alteradas no governo passado. Não quero usar de falsa modéstia, mas o presidente Lula me nomeou com base numa lei de 2003, quando ele criou a Apex. E ele me nomeou pela minha experiência de gestor, de liderança. Com base nisso é que eu dou aula no mestrado de Administração do IDP. Foram 30 mudanças no estatuto da Apex. Todos os servidores foram ouvidos e tudo foi aprovado no Conselho de Administração. Eu me sinto absolutamente habilitado para conduzir essa importantíssima organização, tanto dentro como fora do Brasil. Trabalhei na iniciativa privada, fui dirigente da Helibras, no Conselho de Administração, que é uma empresa multinacional francesa, durante oito anos. No Senado, liderei quase 30 missões para o exterior. Fui prefeito, governador do Acre duas vezes e lá criei a Agência de Negócios do Acre.

Quais são seus planos para a Apex?

 

Planejamos fazer mais de 1.100 missões este ano, dentro e fora do Brasil. Já estamos chegando perto de 200 ações. Todos os dias há pelo menos três ações da Apex em algum lugar do mundo ou do Brasil. Isso inclui sábado, domingo e feriado. Tem sido muito prazeroso trabalhar aqui, nesse novo formato, porque há 20 anos o presidente Lula deu forma à Apex, estabeleceu o orçamento, as regras de funcionamento, e a agência estava vinculada, na época, ao Ministério da Indústria e Comércio. Depois, foi para o Itamaraty, e agora, com recriação do MDIC, tendo o vice-presidente lá, é uma extraordinária oportunidade.

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Há outros mercados prioritários além da África?

 

A Apex está presente nos cinco continentes, mas nós queremos reforçar nossa presença na China, na Índia, no Vietnã, no Camboja, em Singapura, na Indonésia, na Argentina e nos países de língua portuguesa.

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O Brasil é um país continental. Há regiões que precisam mais de apoio do que outras?

 

O Norte e o Nordeste exportam pouquíssimo. Dos US$ 334 bilhões exportados no ano passado, o Nordeste brasileiro exportou US$ 27 bilhões. Ou seja, isso é menos de 10%. Sendo que US$ 14 bilhões desses US$ 27 bilhões foram da Bahia. Quando eu tiro a Bahia, sobram US$ 12 bilhões para oito estados do nordeste. Isso é nada, porque só o Espírito Santo exportou US$ 14 bilhões. O Norte exporta quase nada. Dos US$ 334 bilhões exportados, o Norte exportou US$ 28 bilhões. Mas, se eu tirar o Pará, com a Vale do Rio Doce, sobram US$ 7 bilhões. Estou visitando todos os governadores. Já conversei com 17 governadores e isso não tem qualquer tipo de viés político ou partidário. Conversamos também com as lideranças locais para ajustar as cadeias produtivas.

Hoje o fluxo de comércio brasileiro está em torno de US$ 600 bilhões. Quanto deveria ser?

 

O Brasil tinha que estar mirando US$ 1 trilhão. Taiwan, uma ilha de 23 milhões de habitantes, que vive em eterno conflito com a China, tem um fluxo de comércio perto disso. É óbvio que tem um acúmulo muito grande na área de tecnologia. O Brasil pode ser interessante para empresas chinesas e indianas se instalarem, para que o Brasil possa viver uma reindustrialização.

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