(oestadoacre) Trump precisa de manchete e de dinheiro. E ele conseguiu os dois na mesma mesa. Zuckerberg, Cook, Pichai, Brin, Nadella, Gates e Altman: prometeram trilhões para IA nos EUA.
O Vale do Silício mudou… O que antes era soft power, direitos humanos e inovação ética, agora, é barganha: controlar o Estado via Trump e garantir vantagens corporativas…
Leia os detalhes do jantar do Trump com os bilionários das Big Techs.
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Trump se deleita com promessas de investimento dos líderes de big techs em jantar na Casa Branca
Presidente afirmou que não vai faltar energia para atender à crescente demanda dos data centers que impulsionam o boom da IA, mas cobrou aportes das companhias
O CEO da Meta , Mark Zuckerberg, e o da Apple, Tim Cook, juntaram-se a líderes da indústria de tecnologia para fazer suas promessas de aumentar os investimentos em inteligência artificial nos Estados Unidos durante um jantar oferecido pelo presidente Donald Trump, que destacou seu relacionamento cada vez mais próximo com o Vale do Silício.
Em suas observações iniciais, Trump abordou uma preocupação central das empresas de tecnologia: garantir energia suficiente para atender à crescente demanda dos data centers que impulsionam o boom da IA.
— Estamos facilitando muito para vocês em termos de capacidade elétrica e obtendo-a para vocês, conseguindo suas licenças — disse Trump na Sala de Jantar da Casa Branca. — Estamos muito à frente da China, realmente, por uma grande margem.
O jantar de quinta-feira marcou um raro encontro em Washington de altos executivos e fundadores de algumas das empresas de tecnologia mais valiosas do mundo — todos em busca de vantagem no campo emergente da IA. Entre os participantes estavam também Sam Altman, da OpenAI, criadora do ChatGPT; Sundar Pichai e o cofundador Sergey Brin, da Alphabet; além de Satya Nadella e Bill Gates, da Microsoft.
O presidente passou pela mesa pedindo aos executivos que falassem sobre seus planos. Líderes corporativos se revezaram destacando seus esforços para expandir nos Estados Unidos, todos expressando gratidão pelas políticas da administração que consideram fortalecer os esforços para avançar na área de IA. Trump pediu que Zuckerberg falasse primeiro.
— Todas as empresas aqui estão construindo, fazendo enormes investimentos no país para desenvolver data centers e infraestrutura para impulsionar a próxima onda de inovação — disse o CEO da Meta a Trump.
Pressionado pelo presidente sobre quanto sua empresa estava investindo, Zuckerberg respondeu “pelo menos US$ 600 bilhões” até 2028.
— Isso é muito — afirmou Trump.
Nos últimos dias, o presidente tem promovido um gigantesco data center que a Meta está construindo na Louisiana e que custará US$ 50 bilhões.
O presidente americano tem atraído executivos de tecnologia para sua órbita com uma agenda voltada a reduzir encargos tributários e regulatórios para as empresas, em uma tentativa de aumentar os investimentos nos EUA e garantir a dominância do país em setores de tecnologia de ponta. O campo em expansão da inteligência artificial tem sido o centro dessa estratégia.
O “czar da IA” da Casa Branca, o capitalista de risco do Vale do Silício David Sacks, ajudou em julho a lançar um amplo plano de ação que prevê flexibilizar a regulamentação da inteligência artificial, intensificar a pesquisa e o desenvolvimento e ampliar a produção doméstica de energia para abastecer os data centers famintos por eletricidade — tudo para garantir que os EUA mantenham vantagem sobre rivais como a China.
O presidente já garantiu bilhões em compromissos corporativos para impulsionar a construção de infraestrutura de IA. Na quinta-feira, a Casa Branca celebrou o anúncio da Hitachi Energy de que planeja investir mais de US$ 1 bilhão em infraestrutura de rede elétrica que poderia atender à crescente demanda energética da IA.
De forma mais ampla, empresas anunciaram planos de reforçar os investimentos nos EUA à medida que buscam evitar as tarifas que Trump está impondo às importações para estimular uma mudança em direção à manufatura doméstica de bens essenciais. Trump indicou que algumas companhias que se comprometerem a construir nos EUA poderiam obter isenção de certas tarifas.
Cook, cuja empresa no mês passado se comprometeu a gastar mais US$ 100 bilhões em manufatura doméstica — elevando sua promessa total a US$ 600 bilhões — agradeceu a Trump por “criar o clima necessário para que pudéssemos fazer um grande investimento”.
O presidente indicou que a promessa de investimento de Cook ajudaria a poupar a Apple das tarifas sobre importações de semicondutores que o governo planeja impor.
— Tim Cook estará em uma situação muito favorável — ressaltou Trump.
A relação de Trump com o Vale do Silício ganhou força em sua cerimônia de posse, em janeiro, quando Zuckerberg, Cook e Pichai tiveram assentos de destaque após doarem milhões. Trump e seus aliados estarão ansiosos para recorrer novamente a esses cofres antes das eleições legislativas do próximo ano, que determinarão o controle do Congresso.
Mais cedo, na quinta-feira, muitos desses mesmos executivos se reuniram com a primeira-dama Melania Trump para uma discussão sobre IA, na qual ela elogiou os líderes empresariais como visionários e pediu sua cooperação para guiar de forma responsável a adoção mais ampla da tecnologia.
A primeira-dama se sentou ao lado de Trump durante o jantar na Casa Branca. Outros participantes do evento noturno incluíram a CEO da Oracle, Safra Catz, e Lisa Su, CEO da Advanced Micro Devices.
O jantar estava originalmente planejado para acontecer no recém-renovado Jardim das Rosas da Casa Branca, onde Trump instalou pisos de pedra e mobiliou o espaço com mesas de pátio e um sistema de som após reclamar que o gramado anterior não era adequado para grandes eventos. Mas o mau tempo obrigou os organizadores a transferirem a celebração para dentro do prédio.