Três moradores do seringal São Bernardo, em Rio Branco, assinam uma nota contra os danos ambientais causados no Riozinho do Rola pelo manejo de madeira da empresa Triunfo.
A madeireira Triunfo se instalou no Acre em 2004 incentivada pelo “governo da floresta”. Ela beneficia madeira para exportação, principalmente para Europa e China. O então governador Jorge Viana (PT), atualmente senador, à época disse que estava interessado em qualidade e não em quantidade.
– Esta é uma empresa que tem tradição na indústria florestal racional e é isso que nós queremos no Acre: empresas que trabalhem com qualidade e com madeiras certificadas. Isso é a garantia de que teremos nossas florestas preservadas. O que queremos é acabar com a garimpagem de madeira no Acre – assinalou Viana.
Nota
“Agonia da Bacia do Riozinho do Rola”
“Nós, moradores das colocacões Centrinho, Catuaba e Cambito, no seringal São Bernardo, em Rio Branco, denunciamos à opinião pública do Acre e do Brasil o que a natureza vem sofrendo em nossa comunidade.
O manejo da Madeireira Triunfo que se instalou no seringal São Bernardo tem causado vários problemas: fuga da caça, obstrução de mananciais e das estradas de seringa e castanhais.
Um dos problemas mais graves é a obstrução de grandes igarapés, como o Vai-se-Ver e o Riozinho do Rola.
Quando as máquinas abriram os ramais para escoar a madeira, os entulhos de árvores mortas e barro foram jogados às margens dos ramais, impedindo a passagem para nossas estradas de seringas e castanhas.
O barulho das máquinas afugenta a caça e isso tem influência em nossa renda familiar, comprometendo a nossa sobrevivência.
A poeira causada pelo transporte de madeira fez aumentar o numero de crianças com doenças respiratórias, pondo em risco a vida de nossos filhos.
O manejo da Madeireira Triunfo não respeita sequer acordos firmados. O posseiro Manuel Careca, morador há mais de 15 anos na colocação Cambito, não aceitou a abertura de um ramal dentro de sua colocação, mesmo assim o ramal foi aberto e o transporte de madeira é feito passando no terreiro de sua casa.
Todos sabemos que a Bacia do Riozinho do Rola, que está sendo alvo de tantos crimes ambientais, é importante também para a zona urbana de Rio Branco, a capital do Acre.
As fotos provam a nossa denúncia.
Por todos estes motivos, pedimos socorro aos órgãos governamentais da área de meio ambiente, direitos humanos, conflitos agrários, instituições de pesquisa e sociedade como um todo.
Este problema não é só da nossa comunidade. É também do nosso município de Rio Branco, do nosso Acre e do nosso Brasil.
Para dar legitimidade a esta denúncia, assinamos este documento.
Antônio Pereira dos Santos (Sulino), morador da colocação Catuaba e Presidente da Associação de Seringueiros do Vai-se-ver
João Manuel de Lima(Careca), morador da colocação Cambito
Antonio Evangelista da Silva, morador da colocação Centrinho”