A rodovia do Pacífico começa a trazer benefícios visíveis para dois dos três países do chamado grupo Bolpebra. E a primeira cidade beneficiária da fronteira é a simpática, e sisuda ao mesmo tempo, Cobija, vizinha de Brasileia e Epitáciolandia.
Caminhões tanques (foto ao lado) começaram a abastecer a ‘Miami’ do Acre com gasolina, via trecho La Paz (BOL), Puno (PE), Puerto Maldonado (PE), Assis Brasil (BRA) e Cobija (BOL). Um negócio e tanto para o município sustentado pelas compras acreanas que antes recebia o combustível por outra rodovia em seu próprio país em condições precárias, contam os caminhoneiros bolivianos.
A Interoceânica, como também é conhecida a ‘Carretera’ que liga o Atlântico ao Pacífico, começa a dar resultado para os peruanos também. As boas condições da rodovia – cuidado permanente com sinalização e consertos essenciais numa estrada novinha em folha – levaram o governo do Peru à decisão de cobrar pedágio também no trecho entre Assis Brasil-Puerto Maldonado-Cusco.
Entre as três cidades estão sendo construídos três Peajes (pedágios) (foto), que passarão a cobrar uma tarifa ainda não definida dos motoristas muito em breve. ‘Ainda este ano’, segundo as informações de funcionários da empresa responsável pela as obras na rodovia. A exploração do trecho entre Assis e Maldonado estará a cargo de uma empresa privada peruana.
Com preços muito abaixo dos praticados no Brasil, a gasolina vendida na Bolívia é um objeto de desejo dos que moram em Brasiléia. E não sem razão. Os motoristas do lado brasileiro, do outro lado do rio, pagam quase o dobro (mais de R$ 3) pelo mesmo litro do combustível. Coisas da economia brasileira que poucos entendem.
Mas não é só isso.
Na pequeníssima Iñapari , colada a Assis Brasil, já se percebe um movimento empreendedor. Antes sem nenhum, agora começam a ser instalados pelo menos três postos de combustíveis ou ‘grifos’. O sentimento é de prosperidade e confiança no futuro. Já em Assis Brasil, o sentimento é de que a rodovia não levou em conta a cidade, e permanece à margem do que acontece bem a seu lado.
Em Maldonado, além do ‘Upgrade’ (atualização) da rede de hotéis, com melhorias visíveis, a Puente Continental (foto), de 723m, cópia da Golden Gate dos Estados Unidos, economizou tempo e dinheiro – também pôs fim à pitoresca travessia de veículos em cima de canoas pelo rio Madre de Dios – dos viajantes com destino à cidade dos Incas e afins.
E para o Acre? Que é a perspectiva?
A secretaria de Indústria e Comércio, sob o comando de um entusiasta da integração, Edvaldo Magalhães, com apoio do governador Tião Viana (que já disse em reservado que pretende construir a Ferrovia entre Cruzeiro e Pucalpa) tem trabalhado sem parar para viabilizar negócios para o Estado. Empresários e empresas do Peru estão sendo estimulados a buscar no Acre, com incentivos da ZPE (Zona de Processamento de Exportação), as oportunidades de curto e médio prazos. O mesmo diálogo está sendo feito com empresas brasileiras com foco na exportação. Ou seja, para o Acre o caminho ainda está sendo construído.