Não existem dados precisos mas a estimativa das entidades que trabalham com o problema é que mais de 30 mil adolescentes, com idades entre 12 e 17 anos, estão envolvidos com o uso de drogas em Rio Branco. O número de adolescentes em situação de risco ou dependência corresponde portanto a quase 10% do total da população da capital. Isso sem contar o número de adultos, crianças e até pessoas da 3ª idade que vivem o mesmo problema.
Todas as mais de 30 entidades tem gente na fila de espera. “Ultrapassamos nosso limite, mas como dizer ao doente que não tem vaga e que ele terá que voltar para as ruas?”, questiona o pastor Wellington Antunes Correa da Igreja Peniel.
Apesar da falta de vagas, é nas entidades que continuam a chegar diariamente dependentes em busca de ajuda, seja levados pela família ou enviados pela justiça e pelo poder público, uma vez que o Estado não dispõe de estrutura para esse tipo de cuidado, embora no final do ano passado o problema tenha crescido tanto que foi impossível não percebê-lo, o que levou o governo federal a lançar o Plano de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas.
No Acre, antes disso a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB), se reuniu com as entidades e acordou a alocação de emendas específicas, que foram colocadas no orçamento deste ano. O total de R$ 4 milhões visa auxiliar no que for necessário. “ Estamos perdendo a guerra contra as drogas, principalmente porque o Estado se omitiu. Há anos quem assumiu a responsabilidade do Estado no tratamento da dependência química são as entidades. É absurdo ainda exigir uma contrapartida das entidades. A contrapartida delas é o trabalho social que está sendo feito”, disse a deputada Perpétua Almeida, que convocou a reunião para disponibilizar ajuda na elaboração de projetos, uma vez que estes precisam ser apresentados até o final de maio para que o dinheiro seja liberado.
“O momento é esse, na área da justiça também tem muito recurso, até mesmo para a reinserção de doentes à sociedade”, alertou o Secretário Estadual de Segurança Social Antonio Torres.
A secretária de Ação Social Estefânia Pontes alertou para a necessidade de um tratamento continuado “As famílias de dependentes precisam ser tratadas junto, porque adoecem com o dependente e muitas vezes depois que o vício desestruturou a família, o dependente se recupera e precisa do apoio da família, que não existe mais. É um ciclo perverso”.
Dentre as propostas apresentadas na reunião, destacam-se: a necessidade de apoio legislativo estadual na elaboração de leis que amparem o ex- dependente, como a que já existe em alguns estados e que dá isenção de encargos para empresas que contratarem recuperados por um ano e a que prevê que o ICMS de drogas lícitas como álcool e cigarro seja destinado à entidades que trabalham com a recuperação de dependentes químicos.
“ Não podemos entrar nas lutas pela metade, ou nos doamos por inteiro ou nem começamos, pois a nossa solidariedade não pode ser dosada como medicamento, em conta-gotas”, desafiou a deputada comunista