Governo teme invasão de haitianos em território acreano

Somente na última sexta-feira, 214 haitianos entraram ilegalmente em Brasileia, município acreano que fica na fronteira com a Bolívia. Damião Borges, funcionário da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Acre, teme que a facilidade de acesso ao país através das duas pontes que ligam Cobija a Brasileia, em função da falta de fiscalização da Polícia Federal (PF), motive os haitianos que estão no Equador a vir também para o Brasil.

“A informação que tenho é que, depois do terremoto no Haiti, algo em torno de 50 mil haitianos estão morando no Equador. O medo da gente é que a maioria dessas pessoas venha para cá”, disse Borges.

À Agência Brasil, o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, declarou que não tem como o governo acriano bancar mais alimentação e abrigo aos haitianos que chegam a Brasileia. O secretário reclamou que há quase dois meses encaminhou ao Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) um plano de trabalho de ajuda financeira pelo governo federal. “O que eu sei é que eles estão estudando o projeto, mas não temos qualquer recurso federal internalizado”, disse.

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a pasta “está em contato com o governo estadual visando concluir no menor prazo possível uma alternativa pactuada para atendimento das ações emergenciais necessárias” com o objetivo de amenizar a situação dos imigrantes em Brasileia.

O MDS também diz, em nota, que os governos do Acre e do Amazonas receberam da pasta, em janeiro deste ano, R$ 900 mil (R$ 540 mil para o Amazonas e R$ 260 mil para o Acre) para “o custeio de ações socioassistenciais de atendimento aos imigrantes haitianos (alimentação, aluguel, colhimento das famílias)”.

Empresas no limite

Outra agravante, segundo Damião Borges, é a redução do número de empresas que vão à cidade para contratar os haitianos. Ele disse que o empresariado também “está chegando ao limite” na capacidade de absorver a mão de obra haitiana.

Damião Borges não sabe o que fazer com as mulheres grávidas que estão na cidade. Até o momento, ele informou que há no abrigo entre dez e 15 mulheres nessa situação, que não são contratadas pelos empresários. Segundo ele, o hospital da cidade não tem como fazer o trabalho de parto dessas haitianas.

O problema aumenta, segundo Damião, porque a população de Brasileia “cansou e não está ajudando mais em nada [doações de alimentos, por exemplo]”. Brasileia e Cobija são cidades de fronteira divididas pelo Rio Acre. Os haitianos que chegaram ao Brasil usam os serviços de taxistas  bolivianos e entram em Brasileia por duas pontes que unem as cidades.

Agência Brasil

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