Perpétua convoca secretários de Justiça do Acre e São Paulo para discutir a situação de haitianos no país

Para discutir o apoio humanitário aos imigrantes haitianos no Brasil, a deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB) convocou na sexta-feira, em Brasília, reunião com autoridades dos governos do Acre e de São Paulo. O pedido de audiência pública foi apresentado na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.

O clima entre os dois estados ficou tenso nos últimos dias depois que o governo do Acre facilitou a ida de imigrantes para São Paulo. A secretária de Justiça de São Paulo, Eloísa Arruda, fez duras críticas a ação das autoridades acreanas e considerou a atitude precipitada, acusando o governo do Acre de “irresponsável”. De acordo com o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, a decisão de contribuir para a saída do estado foi tomada porque o Acre não tem estrutura para absorver a mão de obra dos haitianos. ” A nossa capacidade econômica já está preenchida. Foi feito todo apoio necessário para a ajuda humanitária onde foi dado alimentação, atendimento de saúde, regularização de documentos e apoio para irem em busca de emprego em outros estados”, destacou.

Perpétua Almeida lembrou que há mais de três anos iniciou-se um ciclo migratório de haitianos para o Brasil, tendo como principal porta de entrada o Acre. Neste período, mais de 20 mil refugiados chegaram ao país fugindo das consequências do terremoto que destruiu quase que totalmente o Haiti, na América Central. “O Acre é um estado pobre e mesmo assim, durante todo esse período, deu guarida, assistência social, cuidados básicos de saúde, alimentação e assistência humanitária aos haitianos. O Acre, um estado tão pequeno, deu exemplo de solidariedade e acolhida aos haitianos. Mas, infelizmente, o governo da maior cidade da América Latina e a mais rica do Brasil, São Paulo, se mostra preconceituoso com os haitianos”.

A parlamentar visitou várias vezes o abrigo construído para receber os imigrantes em Brasiléia e, segundo ela, o governo do Acre trabalhou em sintonia com as autoridades migratórias nacionais. “Causa estranheza as declarações divulgadas na imprensa que autoridades públicas paulistas rejeitam abertamente a presença de haitianos naquele estado”.

Pelas redes sociais, o governador do Acre, Tião Viana, criticou a postura do governo de São Paulo. “Como é que a elite paulistana quer obrigar o povo do Acre a prender imigrantes haitianos em nosso território, preconceito racial? Higienização? As elites preconceituosas querem o quê? Que prendamos essas pessoas? Que não as deixemos encontrar pais, mães e esposas que já estão no Brasil?”.

Na Comissão de Relações Exteriores, que Perpétua Almeida já presidiu, o diálogo deverá ser pautado nos esclarecimentos necessários sobre o tema e na busca de soluções para melhor atender aos estrangeiros.

[da assessoria]

 

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