Tijolaço: O entreguismo por trás do moralismo

Autor: Fernando Brito, do Tijolaço

Hoje, a coluna de Sônia Racy, no Estadão, traz detalhes sobre o que  bancos privados exigem para a financiar a Sete Brasil, que tem contratos para produzir 27 navios-sonda de petróleo para águas profundas.

Coisa, no total, de mais de R$ 20 bilhões. Uma sonda destas, no mercado internacional, mesmo na ma´re baixa em que está hoje o mercado de petróleo, custa, de aluguel, uns 500 mil dólares por dia…

Os bancos financiarão, diga-se, com  recebendo financiamento do BNDES, que repassaria os recursos às instituições.

Uma das condições que impõem é  retirar as encomendas dos estaleiros nacionais:  Atlântico Sul, em Pernambuco ( da Camargo Corrêa e Queiroz Galvão), Estaleiros Rio Grande  (Engevix e Funcef) e Enseada, na Bahia (Odebrecht, UTC , OAS ).

Ficam só os estrangeiros: Jurong Aracruz (ES) e Brasfels (Angra dos Reis), mais propriamente Jurong Shipyard e Keppel Fels, ambos de Singapura.

A Petrobras, o BNDES e o Fundo de Marinha Mercante não querem pagar as parcelas do contrato que fizeram com a Sete Brasil por conta das mutretas de Pedro Barusco.

Aí a Sete Brasil não paga aos estaleiros que estão fazendo as sondas.

Os estaleiros não cobram por medo de serem acionados pela Sete Brasil por corrupção com Pedro Barusco.

Que, de todos, parece o menos preocupado e vai, olimpicamente, à CPI, como um grão-senhor, cuja palavra é lei , embora tenha roubado dezenas de milhões de dólares.

Ah, e está solto pelo Dr. Sérgio Moro, com a punição, apenas, de pagar R$ 3,25 milhões de multa e ajudar, uma hora por dia alguma instituição de caridade.

De onde Barusco vai tirar os R$ 3,25 mi? Do cofrinho das crianças, claro….

Mas os milhares de trabalhadores que perderam ou perderão os empregos nos estaleiros não devem ter cofrinhos assim generosos e não mesmo é para a sarjeta, ao contrário do novo herói nacional que, tão bonzinho, devolveu o dinheiro roubado.

Num país onde as coisas funcionassem normalmente, Barusco estaria na cadeia, haveria uma intervenção nas empresas, para que seguissem funcionando sob controle e todos estariam exigindo que a indústria naval brasileira, que já foi a segunda do mundo, estivesse sendo defendida.

Aqui, porém, a nossa imprensa parece mais interessada em descobrir onde Barusco teria tido jantares com o tesoureiro do PT, como outro dia fez O Globo.

Trabalhador demitido e indústria sucateada não parecem ser coisas importantes.

 

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