J R Braña B. –
(PS adiantado: atrasei a análise da entrevista do prefeito Mano devido à demora na liberação do áudio pelo programa do Sorriso Show)
Todo mundo no principado de Sena pensou que o prefeito Mano Rufino iria abrir a caixa-preta da prefeitura.
Como ele mesmo falou ao Sorriso, não iria para uma entrevista para denegrir a imagem de ninguém.
E não denegriu, mas deu as respostas, e fez críticas aos que o criticaram na série no rádio.
Claro que todos esperavam uma troca de tiros de escopeta entre ele o ex-prefeito Nilson Areal.
Ontem, quinta, foi o dia de mais fofoca do ano em Sena.
Especulava-se:
-O prefeito vai quebrar o pau!
-Mano vai puxar faca!
–Amanhã no rádio ele ai abrir o baú!
-Quero só ver o pau cantar quando o prefeito começar a falar…
Parte da população e os incendiários de sempre queriam sangue, guerra, terrorismo a qualquer custo.
Porém, Mano manteve o nível, o que fez muito bem.
Defendeu sua administração como qualquer um faria.
Claro, seria um covarde se não o fizesse, mesmo sabendo que tem muitos problemas a resolver na cidade.
Mano alternou momentos de grande certeza e de indefinições quanto ao futuro político.
-Não sei se serei candidato, nem sei se estarei vivo no ano que vem – disse logo no começo do papo na Dimensão.
É o óbvio, mas ninguém diz isso de graça, assim sem pensar no que está falando.
E o momento de certeza foi no final:
-Teremos 18 milhões para investimentos na cidade, claro, mesmo sabendo que haverá cortes.
Acho que o grande problema do prefeito Mano Rufino foi sempre a sua timidez.
Assumiu o município no meio de um terremoto político interno, sem experiência na administração pública, e não se cercou de pessoas com experiência política e capazes de ajudá-lo a enfrentar os problemas.
Administrar tecnicamente um município não é segredo para ninguém.
Aprende-se.
Mano tá aprendendo.
Mas a burocracia, o tecnicismo que ouvi de outros pretendentes à prefeitura não resolve tudo.
Não resolve nem a metade porque é complemento.
O que resolve é a política, a mãe de todas as soluções.
Sem a política, o bom parece pouco ou nada.
E o ruim, sem a política, parece o fim do mundo.
Uma verdade: hoje ser prefeito no Brasil, no Acre, é a maior fria.
Porque não há recursos e as exigências dessa Lei de Responsabilidade Fiscal amarram o desenvolvimento das cidades.
Essa foi uma Lei feita criada fora do Brasil, pela banca financeira, para obrigar os estados nacionais a priorizar o pagamento dos juros da divida pública…resultado: a redução dos investimentos para os estados e os municípios.
E Sena também é vítima desse instrumento de arrocho.
Claro que o prefeito Mano tem os seus pecados.
Um deles já adiantei aí em cima é a timidez.
O outro é se comunicar muito pouco com a sociedade.
Conversar com a população é uma coisa que o prefeito de Sena fez quase nada.
Às vezes é preciso sentar e explicar as coisas ruins olhando no olho.
E junto à comunidade definir as prioridades.
O exemplo dele dado em relação aos ramais e ao óleo doado pelos interessados é um bom exemplo.
Mas tem que ser ampliado para toda a gestão.
Sena é órfã de um plano de desenvolvimento.
Um plano que toda a sociedade debata e saiba os rumos da cidade.
Qual é o rumo de Sena Madureira mesmo?
Para onde quer caminhar a cidade?
Isso só se saberá montado num plano de desenvolvimento.
Os políticos de Sena só pensam em eleição, em votos, em campanha.
Ninguém quer discutir a cidade e as suas soluções.
Vou dizer uma coisa aqui com tranquilidade:
Sena Madureira vive em decadência há pelo menos 30 anos.
DE-CA-DÊN-CIA.
Não mudou quase nada desde o tempo em que morava na cidade, era menino jogando futebol e sonhando brilhar no Fluminense.
O tempo parou em Sena e os políticos locais não acordam!
Mano não tem culpa pela situação da cidade!
Nilson também não!
Toinha idem.
E quem tem culpa, então?
Todos!
Todos os políticos que tiveram ou têm mandatos em Sena nas últimas três décadas.
Porque nunca pensaram em desenvolver a cidade de fato.
Correram atrás apenas das perfumarias, das coisinhas do dia a dia.
E Sena precisa entrar no Século XXI.
E ainda não entrou.
Foi por isso que dei o nome do jornal de SENA XXI, para chamar à atenção da cidade para o novo século ainda desconhecido.
Eu queria ver uma campanha com candidatos mostrando ideias, propostas para melhorar a vida na cidade.
Ideias e propostas não anulam o debate duro uns contra os outros.
Mas somente isso, a briguinha e a picuinha não adiantam.
Briga em política é acessório importante, mas só.
Ideias adiantam e mudam uma realidade.
É isso que me motiva em Sena.
É isso que me dá tesão em divulgar essa cidade.
E é exatamente isso que os políticos de Sena não fazem.
Teremos mais uma chance nessa próxima campanha.
E vou participar questionando, cobrando e apoiando aqueles que tiverem as melhores ideias.
Porque eu sempre tenho lado.
E o meu lado é o lado que está Sena Madureira.
Algumas coisas ditas pelo prefeito Mano de certo impacto:
-Fizemos 1.300 km de ramais.
-Pedi óleo? Pedi, sim!
-Não me apego ao poder (entenda isso como quiserem, acrescento eu)
-Fui ao MP e disse que abro meu sigilo bancário e de minha mulher a qualquer hora (não precisava, pois não há nenhuma denúncia de improbidade contra o prefeito)
-Somos o único município que tem um projeto de Aterro Sanitário, fora o da capital, que já funciona.
-Talvez me reconheçam ou talvez não me reconheçam amanhã.
-Não sou bandido…Sou um pai de família!
Mano sabe que a sua candidatura à reeleição ainda não está definida politicamente.
Pode estar pessoalmente, no seu íntimo.
Tudo vai depender dos próximos meses e das pesquisas que ele mesmo vai encomendar.
Se tivesse que dizer alguma coisa a ele, diria apenas que faça o que tem que ser feito na cidade.
O resto, o vento dá destino certo.
Áudio com o prefeito Mano Rufino em entrevista concedida ao Sorriso Show, da Dimensão FM, Sena. O áudio já começa com o prefeito falando.
J R Braña B.