Carta Aberta à OAB do Acre: Qual crime Dilma cometeu?

Nem o Aderbal teve essa ousadia no tempo em que foi presidente da Seção Acre – J R Braña B.

 

Tácio de Brito Jr.:

Carta aberta ao presidente da OAB/Acre

Não sou advogado, bacharel em direito ou tampouco rábula. Na verdade, quase nada de lei eu entendo. Sou um mero escriba. O que me força a aproveitar tal habilidade e espaços como este aqui para escrever e enviar uma carta pública ao nosso presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – seccional Acre, o senhor Marcos Vinícius Jardim Rodrigues.

O faço com toda a humildade de um inculto em legis que se recusa à cômoda circunstância de pensar com a cabeça alheia. Por natureza, sou inquieto, prefiro a contestação, criar minhas próprias sínteses. Não quero, como um papagaio que vive de dar o pé ao seu senhor, ficar reproduzindo ao vazio e sem sustentação #ForaDilma ou #NãoVaiTerGolpe. Preciso encontrar respostas, e, para saciar meus anseios, me socorro à nossa maior autoridade da advocacia no Acre.

Gostaria de saber do ilustríssimo advogado em qual crime incorre a presidente Dilma, capaz de fazer a OAB/AC subscrever um pedido de impeachment? Para tanto, deve ser algo de extrema gravidade e de um elevado nível de dolo. Afinal, com tantas operações criminosas, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, jamais habitou qualquer preocupação da nossa tão honrosa Ordem de Doutos.

Aliás, o mesmo Eduardo Cunha que, apesar de ser apenas o capitão do mato do tal golpe, ridicularizou o gesto da OAB ao entregar, por meio dos seus representantes, um pedido de impeachment de Dilma Rousseff pelo ‘conjunto da obra’. Argumento que também não deu para entender sob qual alegação legal se caracteriza. Esse tal ‘conjunto da obra’ também é outro ponto que pode ser explicado pelo catedrático jurista. Já sobre a chacota de Cunha ante o movimento da Ordem é melhor não revolver, tamanho me parece o constrangimento.

Também gostaria de usar da fala do próprio senhor presidente da OAB/AC que, para justificar os atos da Ordem em relação ao impeachment, afirmou que “quando prevalece a vontade da maioria, estamos diante do sistema democrático. Do contrário, estaríamos a tratar da ditadura das minorias”. Logo, pergunto-lhe: é justo que uma presidente escolhida por mais de 54 milhões de eleitores brasileiros seja arrancada do cargo por algumas centenas de advogados? Ou então por uma matilha de congressistas, dos quais, muitos deles corruptos comprovados? Matilha comandada por um sujeito que não respeita regras ou instituições, incluindo a própria OAB. Sujeito este que atende pela alcunha de Eduardo Caranguejo, codinome vulgar no submundo do crime para Eduardo Cunha – aquele que recebeu das mãos da OAB o tal do pedido de impeachment balizado à ótica do ‘conjunto da obra’.

Por fim, se “democracia pressupõe respeito às controvérsias e às minorias”, aguardo ansiosamente a sua tese legal que irá me ajudar na construção de uma síntese plausível sobre a legalidade do pedido de impeachment. Caso contrário, serei obrigado a entender que o papel da OAB se restringiu à suposta legalização do Golpe impetrado pela “ditadura das minorias”.

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