no DCM
Paulo Nogueira
O povo na rua derruba até golpe militar.
Esta é a principal lição dos acontecimentos das últimas horas na Turquia.
Temer tem tido vida mansa. Esta é a verdade. Ele e os golpistas.
Outro ponto interessante é a comparação entre o que está ocorrendo no Brasil e o que está ocorrendo na Turquia.
Alguns, mais apressados, disseram que aquilo sim é golpe.
Ora, ora, ora.
Golpe é golpe. Pode ser militar, pode ser parlamentar, pode ser muitas outras coisas. Consiste em destruir a democracia. Em obliterar votos. Isso pode ser feito com tanques ou, como ocorreu no Brasil, com deputados como Eduardo Cunha.
É como assassinato.
Existem assassinatos a tiros, a facadas, por asfixia, por veneno, por estrangulamento. Qualquer que seja o método, assassinato é assassinato.
Por fim, ficou bizarra a situação do governo Temer diante do golpe na Turquia. Como Temer poderia, por exemplo, pedir respeito à democracia na Turquia, como tantos líderes mundiais, se não a respeitou no Brasil?
O Brasil, graças a Temer e sequazes, ficou na companhia da Turquia entre os países que afrontaram a democracia em 2016.
Listemos alguns personagens que contribuíram fortemente para tanto: os donos das empresas jornalísticas, Aécio, FHC, vários ministros do STF.
Sofremos, por causa deles, a suprema humilhação de ver um ex-presidente turco dizer à CNN sobre o golpe fracassado: “Não devemos ser confundidos com algum país da América do Sul ou da África.”
A isto os golpistas nos reduziram internacionalmente.
Mas o principal é, repito: a Turquia mostrou que povo nas ruas derrota até golpe militar.
Isso provavelmente vai reanimar os brasileiros que não se conformam com o golpe. E já deve estar enchendo de inquietação os golpistas.