Dep Moisés Diniz na tribuna da câmara: um monstro ocupa as ruas

Parlamentar faz contundente discurso na tribuna da câmara sobre a onda de violência ocorrida na capital (começo do discurso parecido com o famoso ‘um espectro ronda a Europa…’) que o oestadoacre.com reproduz aos seus leitores:

Deputado Moisés Diniz, durante posse na câmara dos deputados – agência câmara

 

Senhor presidente,

No Acre, como em muitos Estados, um monstro vem ocupando as ruas. Em dois meses, ele se ergueu duas vezes. Ele tem queimado ônibus, escolas e tem matado pessoas.

O que nos intriga é que o governador do Acre tem liderado uma luta, que ataca as causas sociais da violência.

Tem vagas sobrando nas escolas do Acre e não há atraso de salários.

Estamos diversificando a base econômica, como o maior complexo de psicultura da Amazônia, que gera emprego e renda para milhares de acreanos.

Este mês estamos contratando mais 594 professores para programas especiais, como o “Quero Ler”, que busca erradicar o analfabetismo no Acre.

Contratamos mais 220 agentes penitenciários e estamos abrindo concurso para agente socioeducativo.

Em breve, o governo do Acre vai anunciar forte transformação em escolas de tempo integral para ensino médio.

A nossa polícia está na rua, de forma efetiva e valente. Mas, a violência não cai. As ondas de violência vem e voltam. E vem de novo.

Qual a explicação para esse fenômeno, que subverte as regras da sociologia?

Simples, senhor presidente. No Acre somos cercados pelos maiores produtores de cocaína do mundo: Peru e Bolívia, povos irmãos que já enfrentam grandes dificuldades com o tema.

Nas fronteiras do Brasil, especialmente na Amazônia, temos um agente letal em franca multiplicação chamado droga.

É a mais ameaçadora das epidemias, mata mais que as doenças biológicas.
O combate ao narcotráfico é atribuição constitucional do governo federal. Infelizmente, alheio ao tema.

Sequer temos força tarefa nacional, regional ou local, integrada.

A tragédia está aos olhos, no aumento das mortes e dos custos em saúde pública. Famílias destroçadas, gerações perdidas.

Precisamos despertar o grande responsável: o Governo Federal, pelo combate a essa tragédia.
Estados e Municípios não têm essa atribuição constitucional, são vítimas da omissão federal.

Estou há cinquenta dias pedindo audiência com o ministro da Justiça, mas, sua excelência deve ter coisas mais importantes do que evitar mortes de seres humanos na fronteira do Brasil.

Queremos apresentar algumas ideias simples, de como o governo federal pode cumprir o seu papel constitucional de proteção das fronteiras lá no Acre.

Falta pelotão militar em Jordão, município no meio da floresta, colado no Peru.

Acreditem se quiser, a polícia federal não tem helicóptero no Acre, com 2.000 km de fronteira, de água, igapós e florestas.

Os policiais que trabalham nas fronteiras tem as mesmas vantagens de que não enfrenta o narcotráfico. Assim, quem vai querer ir pra lá?

Temos que comprar armas, balas, coletes e viaturas, com fonte 100, pra enfrentar o narcotráfico, porque a União nos abandonou.

Logo nós, que pegamos em armas para nos tornar brasileiros.

Na época, a união nos mandou Plácido de Castro para enfrentar os bolivianos.

Agora, não nos manda nem coletes para proteger nossos valentes policiais.

Muito obrigado!

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