Sem politicagem: PCC faz matança no país (Acre é mais uma vítima)

# violência pcc folha

Ataque à agência em SP, atribuído ao PCC – Rogério Cassimiro – 09.ago.06/Folhapress

O jornal paulista Folha de S. Paulo publica matéria nesta quarta mostrando que a atuação do grupo PCC é em todo o território nacional. A informação desmonta por completo o show que a oposição, em época eleitoral – tenta fazer afirmando que apenas no Acre a violência é alarmante.

O Acre, como se vê, é vítima do desgoverno do Brasil e da falta de política de segurança pública (fronteiras abertas)…a violência não começa nem finaliza pelo Acre.

Na FSP

Celulares de ‘gerentes de mortes’ do PCC indicam matança no país

Imagens apreendidas pela polícia de SP podem explicar 400 mortes em 6 meses
Por Rogério Pagnan

SÃO PAULO – A Polícia Civil de São Paulo afirma que a facção criminosa PCC pratica um “verdadeiro genocídio” no país, em sua guerra contra grupos rivais para o domínio do tráfico nacional de drogas.

A inédita classificação, que consta em documento oficial da polícia paulista, ocorre após apreensão no mês passado de celulares e tablets de dois criminosos responsáveis pelo controle de mortes ordenados pela facção.

Segundo o documento, nesses aparelhos há milhares de imagens de pessoas assassinadas em todo o país a mando da facção –de inimigos ou de membros do próprio grupo acusados de faltas graves. “[São] milhares de registros, fotos e vídeos que demonstram, ainda que de forma fragmentária, o funcionamento desta célula criminosa para a prática de um verdadeiro genocídio no Brasil”, diz trecho do documento da polícia.

Apesar de gigantesca, a quantidade de mortes registradas nos celulares já era esperada pelos policiais, porque, em seis meses de monitoramento, eles já acompanhavam em investigações paralelas algo em torno de 400 assassinatos sob a ordem da facção –uma média de dois por dia. Agora poderão cruzar essas suspeitas com as imagens.

Os policiais sabiam também que a chefia da quadrilha ordenava que todas as mortes fossem fotografadas ou filmadas e enviadas para esses chefes responsáveis pela contabilidade dos assassinatos.

Um exemplo dessa obrigatoriedade, segundo a polícia, está em um caso ocorrido em Mato Grosso do Sul no qual os membros da facção assassinaram uma pessoa, após ordem da cúpula, mas “esqueceram de fotografar a vítima”. Ao informarem aos chefes sobre o esquecimento, os bandidos foram obrigados então a retornar ao local o crime, desenterrar o corpo e providenciar o registro fotográfico.

Além das imagens, o que vai ajudar a polícia a identificar as vítimas são os relatórios dos assassinatos produzidos pelos bandidos e enviados com as imagens.

Em muitos casos, a polícia acompanhou os crimes em telefonemas monitorados, mas não sabia detalhes das vítimas ou os locais dos crimes. “Na maioria, o corpo desapareceu ou as investigações ainda não identificaram a localidade dos fatos”, diz trecho do relatório obtido pela Folha.

Esse material estava em equipamentos apreendidos no mês passado durante a chamada operação Echelon (do grego escalão). Eles pertenciam a Adriano Hilário dos Santos, o Kaique, a Alexandre da Silva Araújo, o Da Sul –presos apontados pela polícia como dois dos cinco responsáveis pelos controles das mortes do PCC no país, chamados de “resumos disciplinares dos estados”. Cada criminoso é responsável por uma determinada região do Brasil –outros três foram identificados, mas seguem foragidos.

No crime, ocupam funções semelhantes a desembargadores nos tribunais do crime. “Juízes” de segunda instância que dão a última palavra de quem vive ou quem morre nos julgamentos de criminosos.

Segundo a Polícia Civil, um dos celulares com maior volume de registros, pertencente a Kaique, ainda não foi destravado. Os policiais ainda tentam identificar a senha de liberação. Após acesso ao restante do material, a polícia acredita que a quantidade por chegar a milhares, porque as 400 mortes já sabidas se referem aos seis últimos meses de 2017, e a facção está em guerra aberta desde outubro de 2016.

Foi naquele mês que a facção matou 12 integrantes de grupos rivais no presídio de Monte Cristo, em Boa Vista (RR), chacina que provocaria o contra-ataque em outros presídios, como no Amazonas.

A facção entrou em guerra, segundo os mesmos registros e pessoas ligadas à cúpula da facção, porque outros grupos, em especial o CV (Comando Vermelho), proibiram o PCC de “batizar” novos adeptos dentro de fora nas prisões em diferentes estados brasileiros.

O batismo é uma espécie de juramento de fidelidade do bandido às regras do grupo e também a principal forma de a facção expandir seu tamanho e, com ele, o domínio das rotas de tráfico pelo país. Quem domina as prisões, a lógica do crime, domina também o crime fora dela.

No documento da polícia, os delegados sugerem a mudanças na legislação para que essas mortes do PCC sejam classificadas como genocídio. “Para incluir no tipo penal a destruição, no todo ou em parte, de grupo regional (ou grupo organizado, ainda que voltado à atividade criminosa)”.

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