Narciso Mendes: Regime do capeta

capetismo

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A continuar a concentração de rendas existentes no Brasil, rumaremos para o capetismo e não para o capitalismo.

Por Narciso Mendes

No quesito distribuição de rendas, o Brasil é um dos países do mundo que pior distribui suas riquezas. Em síntese: poucos possuem muito e muitos possuem pouco. Se dividirmos as nossas classes sociais segundo as letras do nosso alfabeto, as classes A e B deteriam 90% das nossas riquezas, e as demais, de C a Z, em níveis distintos restariam, no máximo, 10%. Os percentuais acima descritos são publicados sob a responsabilidade do IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Mais grave ainda: quando acontecem as nossas recorrentes crises, são os mais pobres os primeiros a serem ainda mais sacrificados. Eu, particularmente, sou favorável ao regime capitalista, mas contrário ao modelo vigente em nosso país, posto que, nada mais contraditório para um país repleto de riquezas é sê-lo, ao mesmo tempo, socialmente injusto.

A continuarmos assim, a nossa situação só tenderá a piorar. E disto não tenhamos a menor dúvida, isto porque, como dizia o saudoso Betinho, “quem tem fome tem pressa”. E mais: a bomba ainda não explodiu, porque o Estado brasileiro, forçado pelas circunstâncias ou, mais precisamente, pela realidade, tem instituído alguns programas sociais, e estes têm se prestado para amortecer as tensões sociais que, por certo, as agravariam.

A despeito disto, ainda somos o país mais legislado do mundo. Legislado é pouco, o mais regulamentado. A este propósito, o imortal Charles de Montesquieu deixou, como legado, a seguinte expressão: “as leis inúteis enfraquecem as leis necessárias”.

O ponto de partida para superarmos as nossas crises, diria até a prioridade das nossas prioridades, seria a melhoria da nossa educação pública, a exemplo do que fez a China e a Coreia do Sul, há pouco mais de 30 anos, tidos e havidos, como os mais miseráveis do mundo. Ainda me lembro do tempo em que, para se mandar uma pessoa ir para China ou para a Coreia, significava mandá-la ir para o inferno.

E o que foi feito com a nossa educação pública? Ao invés de ser tratada como uma questão de Estado, transformou-se num objeto de governo. Desta feita, a cada troca de governo, tudo é trocado, até mesmo alguns avanços que, porventura, tenham sido alcançados.

Além dos maus tratos com a nossa educação pública, não menos precário tem sido o tratamento que os nossos governantes têm dado a nossa saúde publica e a nossa segurança pública. Hoje somos, infelizmente, o país que não queria que fosse e, como resultado, até já perdemos a esperança de sermos, como assim éramos tratados, como o país do futuro.

Por que chegamos a este nível? Porque enquanto os estadistas pensam nas próximas gerações, os nossos políticos só pensam nas próximas eleições.


Narciso Mendes, é empresário no Acre e foi deputado federal

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