artigonarciso
O patriotismo é o último refúgio dos canalhas.
A expressão acima é de autoria do imortal Samuel Johnson: escritor, pensador, poeta, ensaísta, biólogo e crítico literário, um dos mais notáveis homens de letras da Inglaterra. Sua morte acorreu em 13 de dezembro de 1784, aos 75 anos de idade, mas as lições que deixara foram bastante oportunas. Pena que muitas delas não foram levadas a sério e como conseqüência muitos absurdos foram cometidos, cá dentro e mundo afora.
A frase acima descrita, ao meu sentir deveria ter sido esta: a patriotada é o último refúgio dos canalhas. Isto nada tem a ver com os verdadeiros patriotas. A provar que não, basta verificarmos a quantidade de canalhas que ascenderam ao poder em nome de um falacioso patriotismo.
No Brasil, bastaria que comparássemos o que os nossos candidatos prometem, as muitas declarações de amor a pátria, e após eleitos, o que realizaram. Para tanto, deixemos o que já havia acontecido anteriormente e analisemos apenas o que veio acontecer após a proclamação de nossa República, pois já será o bastante para revelar nossa pobreza republicana.
Já em sua nascente, os precursores da nossa República foram os primeiros a sentirem-se decepcionados, tanto foi que a expressão “esta não é a Republica dos nossos sonhos”, fora proferida por Martinho Prado da Silva Jr, um dos mais proeminentes defensores do novo regime.
Pior ainda: abunda o número de historiadores que consideram que a nossa República surgiu de um golpe, e não de uma decisão minimamente consensual. A reforçar o fato que o golpe existiu, a nossa República teve dois marechais, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, respectivamente, como nosso primeiro presidente e seu correspondente vice. A propósito, seus anos de poder feio ser batizado como a República das Espadas.
Ao término da República das Espadas, também de forma pouco ou nada republicana surgiu à República do Café com Leite, e o motivo para tanto foi tão somente, o poderio econômico dos Estados das Minas Gerais e São Paulo. Pelo acordo estabelecido estes dois Estados se revezariam na presidência da República e isto aconteceu até ano de 1930 quando o gaúcho Getúlio Vargas, após a insurgência de vários Estados, conseguiu se tornar presidente.
Em chegando ao poder, Getúlio Vargas manteve-se por 15 anos, até o ano de 1945, parte do seu longevo tempo de poder, na condição de ditador. Daí a pergunta: como a nossa República poderia evoluir?
Restabelecida a nossa democracia, quando imaginávamos que nenhum outro sobressalto estaria a nos esperar, aconteceu de tudo, inclusive a volta do próprio Getúlio Vargas ao poder pela via direta.
Por falta de espaço, oportunamente voltarei a lembrar os sucessivos desastres que a aconteceu com a nossa ainda fragilíssima República.
Narciso Mendes – foi deputado federal constituinte pelo Acre