Crônica de Dandão: Artilheiros

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Artilheiros

Francisco Dandão – Com vários jogadores infectados pelo vírus da Covid-19, a Venezuela não deu nem para um caldo, no domingo, contra o Brasil, pela primeira rodada da Copa América. Se os caras com todo mundo em forma já precisam jogar muito para não dar em nada, desfalcados é que não se criam mesmo.

Eu diria que a seleção brasileira meteu 3 a 0 em ritmo de treino. Jogo de ataque contra defesa. Poderia ter metido outros três. Com um pouco mais de concentração e aceleração do Brasil, na vertical do campo, os pupilos de Maduro teriam saído com o tanque cheio do estádio Mané Garrincha.

Falei em “tanque cheio”, mas acho que usei a metáfora errada. Eu deveria ter dito “barriga cheia”. É que tanque lembra automóveis, gasolina, combustível etc. e tal. E isso (gasolina, combustível etc.) é o que não falta por lá. Pode faltar comida na terra deles; gasolina não falta de jeito nenhum.

Enquanto isso, não se pode dizer o mesmo no planeta negacionista. A gasolina por aqui tá os olhos da cara. E cada vez subindo mais (junto com o dólar). Uns dias atrás a gente só não podia ir à Disney (principalmente as empregadas domésticas); agora a gente não pode mais é encher o tanque.

No noticiário do começo desta semana, aliás, eu vi na televisão que já tem muita gente que não está podendo nem mais comprar o gás pra cozinhar. E aí, pra não voltar ao período jurássico, quando o mundo era dos canibais e a comida era servida crua, o jeito tem sido apelar para o fogão de lenha.

No mundo paralelo dos cercadinhos, dos linchamentos virtuais e dos fanáticos de toda a espécie, porém, nada disso parece estar acontecendo. Os lagartos sorriem, arregalam os olhos, distribuem agressões a torto e a direito (quer dizer, “à esquerda”) e tudo segue em grandes passeios de motocicletas.

Mas, voltando ao fio da meada (o texto teima, à medida em que vai sendo construído, em tirar as rédeas das minhas mãos), o que eu queria dizer mesmo nesse papo furado de hoje é que o craque Neymar, com o gol sobre a Venezuela, ficou a 10 de alcançar Pelé como o maior artilheiro da seleção.

Um feito e tanto. Levando-se em conta que Neymar só recentemente completou 29 anos, provavelmente ainda vestirá a camisa do Brasil por algum tempo. E, sendo assim, terá oportunidade de superar a marca do rei. Pegando a Venezuela com Covid outras vezes, essa marca logo será batida.

Um detalhe, porém, precisa ser lembrado quando se fala nesses dois super artilheiros: Pelé precisou de 92 jogos para fazer 77 gols pela seleção brasileira. Neymar, por sua vez, teve que jogar 106 vezes para chegar aos 67 gols. Do ponto de vista da eficiência, ninguém jamais vai superar o “negão”!

Francisco Dandão: professor, jornalista, poeta, escritor

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