Crônica de Dandão: Meia-boca

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Meia boca 

 

Francisco Dandão – Vocês gostaram desse último jogo da seleção brasileira de futebol, contra o Chile, pelas eliminatórias da Copa do Mundo do ano que vem? Pois eu lhes digo que não gostei nem um pouco. A despeito da vitória (magrinha, magrinha, aliás), no meu entender o time brasileiro não jogou foi nadinha.

Alguns amigos meus costumam dizer que o que interessa são os três pontos e que até vitória por meio a zero basta. Mas a eles eu digo que aos triunfos sem o devido convencimento, eu chamo de “meia boca”. E que estes me deixam com a desconfiança de que algo apodrecido permanece no ar.

No caso desse um a zero no Chile, quem evitou que o Brasil fosse derrotado foi o nosso goleiro, o Weverton. Com os reflexos em dia, o atleta do Palmeiras salvou o time brasileiro pelo menos em duas ocasiões. Se não fosse ele, penso que a vaca ficaria atolada no brejo ainda no primeiro tempo.

Tudo bem que o Brasil jogou sem os seus “ingleses”. O pessoal dos times lá das terras da rainha foi impedido de se deslocar até os cada vez mais tristes trópicos, por conta do medo da contaminação pelo vírus maldito. E, dessa forma, o técnico Tite teve que fazer as suas devidas improvisações.

Mas, pra mim, a falta dos antigos titulares não é justificativa suficiente para o futebol deficiente do Brasil contra o Chile. Eu acho que o buraco é bem mais embaixo da camada de ozônio. No meu entender, tem toda uma conjuntura que contribui para tirar o tesão dos super jogadores brasileiros.

Me ocorre que uma das maiores razões para o Brasil estar jogando assim como quem não está muito interessado na deusa bola é a questão do feijão. E não falo somente do preço que, em breve, continuando a alta do dólar e a fraqueza do real, vai ficar ali, pau a pau com a altura das estrelas.

Eu acho que pior do que o preço, o que mais está afetando os craques da nossa gloriosa seleção é eles se descobriram “imbecis”. É que todo mundo curte uma boa feijoada. E de repente, sem mais nem menos, foram avisados que é melhor um fuzil na mão do que uns caroços de feijão voando.

Pelo que eu fiquei sabendo, até os “artilheiros”, que são os caras encarregados de mandar “bolas” (ou “balas”, tanto faz) para as redes, estranharam essa nova ordem mundial. Como assim? Trocar um feijãozinho com arroz, orelha de porco, linguiça e caipirinha por fuzis? Como assim?

Pois é isso, meus caros amigos aí na frente dessas mal traçadas. A seleção brasileira não jogou nada contra o Chile. Tomara a história não se repita no próximo jogo, contra a Argentina. É preciso ter chumbo na agulha para fuzilar os adversários, sim. Mas um feijãozinho não faz mal a ninguém!

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