Crônica de Dandão: Confraria etílica

cronica

Confraria etílica

 

Francisco DandãoNos tempos do amadorismo (“marrom”, ressalte-se) do futebol acreano, não é segredo pra ninguém que boa parte dos artistas da bola gostava de tomar umas e outras, nas folgas dos jogos. Uns mais, outros menos, é verdade, porém o certo é que são incontáveis os nomes dessa lista.

O Neivo, por exemplo, ponteiro driblador que vestiu as camisas de todos os então grandes clubes do Acre, até me contou uma história de que, certa feita, quando ele defendia o Rio Branco, o presidente da vez chegou a oferecer um litrão de uísque boliviano como “bicho” por uma vitória.

De acordo com o Neivo, nesse dia os jogadores escalados para a defesa do Estrelão correram como nunca o haviam feito antes. E daí por diante, descobertas a pólvora e a roda, passou a ser obrigação da direção do alvirrubro ofertar o litrão de uísque como prêmio para cada triunfo da equipe.

E o Merica, quando jogava pelo mesmo Rio Branco, me disse que o presidente do clube, que morava em frente ao estádio José de Melo, costumava chama-lo para uns drinks na sua própria casa, entendendo que, dessa forma, poderia exercer melhor vigilância sobre o vigoroso volante.

Com aquele sorriso no rosto que o Merica sempre ostentou, ele me confidenciou que as festas na casa do presidente eram uma maravilha. E que aceitava os convites de muito bom grado. Mas completou a informação dizendo que, depois da festa, ele sempre dava um jeito de esticar a noitada.

Mas essas são histórias que eu já contei por aqui em algum momento. O que eu não sabia (e por isso ainda não havia passado pra vocês) era a história de uma certa “confraria etílica” que existia nas proximidades do estádio do Vasco, num local denominado como Boteco do Mané com Sono.

Quem me relatou a novidade dessa confraria foi o meu amigo de longas datas, poeta e cronista dos melhores, Francisco Antônio Saraiva de Farias, autor, entre outros, dos livros “Na estrada com meu pai”, “Escolhi viver de amor”, “Menino de seringal” e “Coronavírus – A negação da vida”.

De acordo com o Saraiva, pelo Boteco do Mané com Sono transitaram, durante anos, os mais renomados boleiros acreanos. Caso dos parceiros inseparáveis Bico-Bico e Escapulário, do volante Merica (já devidamente citado neste texto), do lateral Duda (nunca tomou uma) e do zagueirão Lécio.

Saraiva detalhou até os tira-gostos preferidos dos craques. Quitutes que iam de lascas de rapadura, passando por caldo de tucupi, até farofa de jabuti. Destaque para o Bico-Bico e o Escapulário, que gostavam de tirar gosto com jabá e, disse o Saraiva, sempre andavam com uma fatia no bolso.

Francisco Dandão – cronista, poeta e tricolor

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