Francisco Dandão – Chove gols no campeonato acreano de 2023. Nessa época do ano são comuns as chuvas intensas na região amazônica. Chuva mesmo. Água caindo do céu, do tipo torrencial, daquelas de encher os leitos dos rios e transbordar para as ruas e caminhos. Mas chuva de gols, que eu saiba, isso não sei não.
Eu já havia notado as goleadas, mas quem chamou a minha atenção para os números foi o meu afilhado Manoel Façanha, o cara do maior arquivo que se tem notícias sobre o futebol regional. O dito cujo fez as contas e chegou à média de 4,62 gols por partida. Trinta e sete gols em oito jogos.
Para efeito desse cálculo contribuíram sobremaneira as bordoadas desferidas pelo Humaitá sobre o Andirá (6 a 0), pelo Independência sobre a Adesg (4 a 0), pelo Atlético sobre o Vasco (6 a 1), pelo Galvez sobre o Náuas (7 a 2) e pelo São Francisco sobre o Vasco (4 a 1). Foi muita pancada!
Como eu não assisti a nenhum desses jogos, uma vez que no momento presente curto um doce exílio na Cidade Maravilhosa, ainda não sei se os times que golearam estão muito fortes ou se os que perderam estão muito fracos. Ou se as duas possibilidades são reais. Não sei se é isso ou aquilo.
Pra falar a verdade, tudo nessa vida é relativo. Uma hora se pode estar por cima, outra hora por baixo. A roda do destino gira em sentido vertical. O mesmo Humaitá que triturou o Morcego da Cadeia Velha, um dia desses levou um “sapeca iaiá” do Clube do Remo, em Belém, pela Copa Verde.
Da mesma forma, esse São Francisco que fez um furo no casco e afundou a nau do Almirante da Fazendinha, pelo campeonato acreano, não viu a cor da bola na formosa Boa Vista, capital do estado de Roraima, de índios e garimpeiros, contra o São Raimundo, igualmente pela Copa Verde.
De qualquer jeito, de acordo com o pensamento dos meus botões, se o campeonato profissional continuar nesse pique, de tédio é que ninguém vai morrer. Mais fácil os narradores Deise Leite e Zezinho Melo ficarem roucos de tanto gritar gol do que alguma testemunha cochilar nas arquibancadas.
E tem mais: os artilheiros acreanos podem muito bem, seguindo nessa linha, se tornarem experts no desenho de mapas que conduzam atacantes de outras paragens pelos labirínticos e tortuosos caminhos que costumam chegar às traves adversárias. Podem até ficar milionários se assim fizerem!
Por ora é isso. Preciso acabar logo com essa conversa mole. Tenho outro compromisso urgente para cumprir neste fim de semana. Ganhei um estojo cheio de joias de um príncipe árabe e tenho que providenciar a liberação na Receita. Se eu não conseguir, fujo para a Flórida. Ora se fujo!
Francisco Dandão – cronista e tricolor