Por Chagas Batista – Na década de 70, com o agravamento da crise da borracha nativa na Amazônia, o Acre, governado por Wanderley Dantas, iniciou a campanha o ‘Acre, um nordeste sem secas e um Sul sem geadas’. Para atrair empresários do Centro-Sul do país com intuito de desenvolver pecuária e a conversão dos seringais em pastagens.
As terras de TARAUACÁ foram vendidas a preço de banana pelos antigos proprietários. Só o grupo Paranacre adiquiriu mais de 500 mil hectares de Terra. Com o incentivo do governo, os ‘paulistas’ acreditavam que logo ganhariam muito dinheiro na atividade da pecuária e plantação de seringas de cultivo.
Com a ganância para dominar a região, desmataram florestas, expulsaram moradores, atearam fogo em casas e praticaram violência contra seringueiros, populações indígenas e posseiros. A reocupação do Acre, diferente de Rondônia, onde houve uma melhor distribuição da terra em pequenas propriedades, especial na região TARAUACÁ/ENVIRA, foi o contrário, a terra ficou ainda mais concentrada.
Como a construção do asfaltamentoda BR-364 prometida pelos governos da elite nativa não aconteceu, também com o fim dos incentivos fiscais e o isolamento, “os paulistas” não viram futuro na região e começaram partir de volta de para o Sul, deixando apenas seus capatazes para impedir a entrada de posseiros nos seus latifúndios.
Nas décadas de 80, 90 o movimento sindical, movimento indígena e os partidos de esquerda travaram uma grande jornada de lutas pela desapropriação da terras improdutivas dos paulistas para criação de projetos assentamentos, reservas de proteção ambiental e reservas indígenas. Em TARAUACÁ, ouve muitos conflitos: prisões, ameaças, mas o resultado foi: demarcação de todas as terras indígenas, criação de projetos de assentamentos e regularização fundiária e área de reservas e proteção ambientais. Restou a Paranacre, que foi comprada pelo Ratinho.
Com a chegada da Frente Popular ao poder (frente de centro-esquerda) e ligação da BR 364, Sena Madureira/ Cruzeiro do Sul, as terras na região voltaram a ser frutos de cobiças. O grupo Massa, do apresentador do SBT, Carlos Masa, comprou a Paranacre. Situada na BR 364, sentido TARAUACÁ/CRUZEIRO DO SUL, parte da área foi incorporada a duas áreas indígenas. Restou uma área considerável de 200 mil hectares, que faz fronteira com as reservas indígenas, Praia do carapanã dos índios kaxinauwas no rio TARAUACÁ e reserva indígenas dos yawanawas no rio Gregório.
Para Manter seu latifúndio improdutivo, Raitinho e a família Massa que têm uma fortuna avaliada em R$ 530 milhões e 19 fazendas espalhadas pelo país, no Acre, estão há duas décadas usando a artimanha de um projeto de manejo florestal que nunca saiu do papel. Nesse período já ouve expulsão de trabalhadores rurais e queima de casas. O latifúndio improdutivo do Ratinho é protegido por seguranças para vistoriar entrada de posseiros e advogados para fazer pedido de reintegração de posses.
Atualmente, quando setores reacionários e de direita aprovam o PL 490 do Marco temporal e investem contra as terras indígenas e as reservas de proteção ambiental, não falam uma palavra contra o latifúndio improdutivo e especulativo. A função social da propriedade da terra não se fala. 200 mil hectares de terras improdutivas do magnata Ratinho não é problema; para eles, o problema são as áreas de proteção ambiental. O discurso da ameaça ao direito de propriedade, é usado até para amedrontar pequenos agricultores.
Segundo dados do IBGE, aproximadamente 1% dos estabelecimentos rurais detêm aproximadamente 47,5% das terras usadas para a produção agropecuária no país. Esses dados se equivaleem aos números da concentração de renda no Brasil. Isso mostra que além de um país maior concentração de renda, temos também a maior concentração fundiária do mundo. Isso explica a recente aprovação do PL 490 (marco temporal) na câmara federal e a investida dos setores ruralistas contra o movimento dos trabalhadores rurais.
O que fazer? Desconcentrar e democratizar a posse da terra, o crédito, assistência técnicas, levando em consideração a inovação tecnológica, sustentabilidade ambiental, geração de investimentos, empregos e rendas. A continuidade da concentração de terras, significa a continuidade dos indicadores vergonhosos que sustentam a desigualdade e a miséria no Brasil.
Chagas Batista, de Tarauacá