Histórias Reais: ‘Desmatamento zero, fogo zero só existem na cabeça de conferencistas…’

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Chagas Batista

AMAZÔNIA: SAQUES, MASSACRES, ENGANAÇÃO E RESISTÊNCIA

A história da existência do homem na Amazônia carrega as marcas de sangue, saques injustiças e resistência. Os seus primeiros habitantes que chegaram há região há 14 mil anos por imigrantes asiáticos, inicialmente ocupando o vale do Rio Amazonas para desenvolver a agricultura, viveram um longo período em comunidades

Esses povos viviam em comunidades coletivas, até o início do século XVI quando deu início as primeiras guerras e genocídio contra os habitantes originários pelo colonizadores espanhóis e portugueses. Os portugueses exterminaram milhões de índios, visando dominação e exploração da riquezas existentes na Amazônia.

Em 1940 na 2.ª Guerra Mundial, Amazônia e milhares de brasileiros foram submetidos ao sacrifício. Milhares de brasileiros foram convocados para a extração do látex da borracha para o esforço de guerra, em um acordo com os Estados Unidos e seus aliados, contra o avanço dos regimes fascistas.

As atenções se voltaram mais um vez para Amazônia e seu reservatório de milhões seringueiras para a produção de borracha, imprescindível a solução do bloqueio de exportação do produto pela as forças inimigas. Esse certamente é um dos capítulos mais cruéis da vida humana na Amazônia.

Os Estados Unidos pagaram à vista 2 milhões de dólares e mais 100 dólares por soldado ao governo brasileiro. Esses brasileiros conhecidos somos soldados da borracha, faziam alistamento compulsório no Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia, sediado em Fortaleza, na época o nordeste enfrentava uma seca devastadora com escassez de alimentação e expulsão dos produtores rurais do campo

Mais de 50 mil humildes jovens do Nordeste foram recrutados para trabalhar na extração da seringa com a promessa de que voltariam milionários. Estima-se que mais da metade dos aliciados pelo então Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores acabou morrendo devido às condições adversas que foram submetidos em uma floresta tropical infestada de doenças que lhes eram desconhecida e pela ação fraudulenta dos coronéis seringalistas

O ponto mais importante e que devemos destacar desse período foi sofrimento, a enganação do governo e mais uma vez , e a exploração das riquezas da Amazônia para o enriquecimento de poucos. Apesar as condições desfavoráveis de resistência, há registros que houve rebeliões de seringueiros, mas, reprimidas pelas forças policiais a serviço dos senhores dos barracões

Considero que atualmente Amazônia vive um momento decisivo. Tão importante quanto o período da colonização portuguesa e segunda guerra mundial. Mais uma vez o mundo deseja e precisa da Amazônia viva e contribuindo para a sobrevivência do planeta.

A floresta amazônica garante as chuvas e tem papel central no combate ao aquecimento global e às mudanças climáticas. Abriga imensa biodiversidade, com milhares de espécies de plantas e animais, algumas ainda desconhecidas ou pouco estudadas. Além de ser berço da maior bacia hidrográfica do mundo.

No momento que se intensifica o debate e as Conferências anuais, coordenadas pela Organização das Nações Unidas (ONU)sobre as mudanças climáticas no mundo, o governo brasileiro tem a grande responsabilidade não apenas cobrar os países signatários da convenção ratificada em 1994. Mas, primeiramente entender que os povos que habitam a amazônia não podem serem mais enganados.

Desmatamento zero, fogo zero, sem um grandioso programa de investimentos, que assegure desenvolvimento econômico e social sustentável, só existem na cabeça de conferencistas sem conhecimento da real da vida na Amazônia. O aquecimento global é uma realidade? Se alguém que tem pelo menos 30 anos de idade tiver dúvidas, é só voltar no tempo de 15 anos atrás e pensar como era o nosso clima na época – e como será a temperatura deste domingo na praia, na fazenda ou em uma casinha sem ar-condicionado.

Se o mundo e o governo brasileiro entenderem com seriedade essa situação, vamos começar inscrever o novo capítulo do radioso de justiça na Amazônia, para o bem do Brasil e do planeta Terra. Se isso acontecer, Ajuricaba, Chico Mendes e irmã Dorothy vão organizar uma festa para todos que morreram lutando contra a ganância e a de humanidade e destruição da floresta

Chagas Batista, de Tarauacá

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