Histórias reais: O sentido da vida x a indiferença

histórias

Chagas Batista – Se alguém me perguntar qual o sentido da vida, minha compreensão cognitiva e meu raciocínio encontra nessa frase do poeta , a melhor resposta: “AMAR E MUDAR AS COISAS”. Vida com Amor, Ternura, Afeto, Solidariedade e Sentimento de Justiça. Mudar as velhas estruturas da desigualdade, da ganância, da opressão, da falta de compaixão.

A vida não faz sentido na indiferença à dor e no abandono aos nossos semelhantes. Sinto que cada dia as pessoas estão mais individualistas consumistas e preocupadas em saborear e ostentar posições pessoais.

Eu sofro nesse mundinho. Esses dias meio um calor sufocante, veio um chuvinha no final da tarde e decidi caminhar na cidade tomando uma banho de chuva. Ao chegar na Praça Central, ao lado da igreja mais antiga da cidade, encontrei um homem moreno encostado num quiosque, comendo uma marmita. Pensei que seria um mendigo estrangeiro.

Parei, e o cumprimentei. O homem respondeu mencionando meu nome. Fiquei surpreso, indaguei-: o senhor me conhece? Ele disse, sim. Né seu Batista? Falei, sim. Mas você conhece de onde? Ele respondeu, sou do Jordão, lembro do tempo que andava lá organizando o Sindicato.

O homem começou falar como se tivesse perdido o sentido da vida. Mas nem por isso demostrava tristeza, expressava uma certa frieza, demonstrando que estava disposto a enfrentar o abandono e a brutalização da vida.

Falou que trabalhava como Motorista de barco, transportando carga de Tarauacá para o Jordão, até o dia que sofreu um acidene, cortando todos tendões do pé. Após vários meses sem poder trabalhar, veio para Tarauacá em busca de tratamento e estava dormindo na rua há mais de duas semanas, a marmita que estava comendo era um doação da empresa que fornece alimentação para a penitenciária.

O homem com o corte aberto e infeccionado no pé, parecia não sentir mais dor. Meu banho de chuva que eu pensava ser um alívio das tensões da vida e do calor, transformou-se num mal-estar e questionamentos sobre o sentido da vida. Porque o poder público do Jordão e Tarauacá não enxergava a situação daquele homem?

Conversamos mais de meia hora e me despedi indicando um lugar para ele no dia seguinte, tentar ser atendido. Quem já viveu tanto como eu e nunca perdeu a capacidade de se indignar, não há dúvidas em continuar se indignando e sofrendo.

Chagas Batista, de Tarauacá

…..

✔Opinião assinada e publicada aqui neste blog é de responsabilidade de seus autores e não representa o pensamento deste oestadoacre.com, necessariamente.

…..

Convite da Comuna oestadoacre.com – isso mesmo! – Comuna oestadoacre.com – clique aqui e entre…

 

 

Sair da versão mobile