Num cenário político marcado pela ascensão do anarcocapitalismo na Argentina, a discussão agora se volta não apenas para a redução do estado, mas para a própria existência do estado. Javier Milei, o novo rosto dessa corrente, enfrentará um dilema: como governar em um contexto onde a proposta de diminuir o estado pode resultar na destruição do país e de seu governo?
A implementação irrestrita da agenda de Milei, resultará em danos irreparáveis à Argentina. Simplesmente retirar os instrumentos do estado, sem a devida preparação da sociedade para assumir responsabilidades que anteriormente pertenciam ao governo, levará a um colapso institucional.
Se Milei está pensando em anarquismo, a Argentina teria de ter uma sociedade organizada, que preenchesse o vazio deixado pela retirada do estado. Tanto na Argentina quanto no Brasil, os instrumentos do estado precisam continuar operando para garantir a funcionalidade básica da sociedade.
Bolsonaro deixou mais de 700 mil brasileiros morrerem, ao retirar o estado da condução da pandemia, por exemplo. Se Milei seguir uma abordagem semelhante, a Argentina enfrentará consequências devastadoras, pois a destruição de instituições estatais essenciais resultaria em um governo praticamente ingovernável.
A reação do peronismo argentino à ascensão de Milei será intensa, dado o histórico de radicalismo político no país. Milei precisa abandonar a rigidez, pois governar sem a devida consideração pelos contrapesos necessários pode levar a um colapso rápido e à resistência por parte da população.
O anarcocapitalismo transformará a Argentina em um estado disfuncional, onde o poder efetivo é transferido para as forças do mercado, deixando o país à mercê de forças descontroladas e acumuladoras de capital, somente. O desafio, para Milei, é encontrar um equilíbrio entre a redução do estado e a implementação de medidas que garantam a continuidade funcional da sociedade argentina.
by JLab
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