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Esta semana estive doente e pude dedicar mais tempo com assuntos relativos aos meus filhos e enteados e claramente pude me deparar com o conceito da efemeridade do tempo.
Além disso, pude analisar que, por mais que eu possa fazer por eles, deve ser respeitada a humanidade especial de cada um e sua formação como pessoa.
Isso me fez refletir que nos falta esse olhar no cotidiano e notar que somos cercados por pessoas diferentes por mais das vezes que queiramos que sejam iguais a nós.
E assim, muitas vezes damos opiniões precipitadas que nos remetem a desumanidade.
A única maneira de respeitar o diferente é respeitando sua humanidade, respeitando-o como ser humano.
Quando nos damos conta de que cada pessoa é exatamente tão humana quanto nós, impõe-se um respeito que, de outra forma, poderia facilmente desaparecer por qualquer tipo de falsa razão.
O nazismo, para conseguir apoio da população para seus objetivos genocidas, começou negando a humanidade dos judeus; os jornais nazistas retratavam judeus caricatos, com enormes narizes e tranças, roubando o dinheiro do povo alemão.
Aos poucos, essa desumanização chegou ao ponto em que o amigo ou colega de trabalho judeu que era conhecido e certamente não correspondia àquela horrenda caricatura, que só existia nas mentes deformadas dos nazistas, passava, ele também, a ter a sua humanidade negada.
Não são poucas as histórias de judeus atacados em praça pública e espezinhados, ainda antes do início do genocídio organizado, pelos vizinhos e conhecidos. Com o sucesso do processo de desumanização, eles deixavam de ser o amigo ou vizinho e se tornavam um ser subumano, um inimigo impessoal contra o qual todo ataque seria justo. Antes do genocídio vieram as pequenas humilhações.
E como, por exemplo, os praticantes de religiões de matizes africanas sofrem com a tentativa ideológica de desumanização.
Como ouvimos falar de histórias (falsas) horrendas sobre determinados grupos sociais.
Nestes últimos tempos pude assistir uma Minissérie magnífica que possuía o título Toda Luz que não Podemos Ver, clássico livro de Anthony Doerr vencedor do Prêmio Pulitzer e considerado um dos 10 melhores títulos de 2014 pelo New York Time.
Um romance sobre autopreservação e generosidade em meio às atrocidades de uma guerra que jamais deve ser esquecida. Marie-Laure vive em Paris, perto do Museu de História Natural, onde seu pai é o chaveiro responsável por cuidar de milhares de fechaduras. Quando a menina fica cega, aos seis anos, o pai constrói uma maquete em miniatura do bairro onde moram para que ela seja capaz de memorizar os caminhos.
Na ocupação nazista em Paris, pai e filha fogem para a cidade de Saint-Malo e levam consigo o que talvez seja o mais valioso tesouro do museu e Marie utiliza o rádio e suas ondas para guiar os aliados ao front de batalha.
Assim, devemos estar atentos ao que vemos, mas também ao que não podemos ver de imediato, devemos resgatar nossa humanidade e questionar nossos conceitos e preconceitos formados.
Levando em consideração o que o autor do livro disse: “A luz mais importante de todas é aquela que não podemos ver”.