A vida e a partida do fotojornalista tarauacaense

Comunicação

Foto: Alisson Oliveira/Secom

Marcos Vicentti deixa legado de luz e inspiração no fotojornalismo acreano

Por Tácita Muniz – “Sou grato”. Assim se expressava o fotojornalista Marcos Vicentti a cada experiência que tinha a oportunidade de vivenciar, seja por meio do seu trabalho ou vida pessoal. Nesta sexta-feira, 18, redações frenéticas e barulhentas deram lugar a um silêncio doloroso, pela dor da partida de um amigo. “Marcão”, como era conhecido, morreu na madrugada, deixando um legado irretocável.

Unanimidade entre os que o conheciam, tinha na veia o dom de compartilhar. Além de importante contribuição na comunicação acreana, tornando-se referência em sua área, o que lhe rendeu diversos prêmios, também era apaixonado pelo turismo e foi um dos primeiros a disseminar as belezas do Parque Nacional da Serra do Divisor.

Com passagem pelos principais jornais da capital acreana, Marcos Vicentti também foi um dos defensores da categoria ao ser, por muitos anos, presidente do Sindicato de Jornalistas do Acre (Sinjac).

Observador, o fotojornalista era conhecido por sua sensibilidade e capacidade de se expressar por meio da fotografia. Sempre em busca do ângulo e da luz perfeitos, fazia questão de ministrar oficinas para repassar o que sabia.

Foto: Hadassa Menezes/Secom

Entre as premiações, ganhou a Medalha Nacional da Revista Fotografe Melhor 2021 e uma Menção Honrosa do Prêmio Nacional Esso em 2005. Nesta semana, no último dia 15, também conquistou o terceiro lugar do Prêmio Ampla de Jornalismo, ao lado dos profissionais Pedro Devani e Tácita Muniz, com uma reportagem sobre a chegada de tablets a aldeias do estado.

Diversos amigos usaram as redes sociais para prestar homenagens, entre eles o governador Gladson Cameli. “Não perdi um membro querido e amado da minha equipe. Perdi um amigo. Marcão era luz, paz, serenidade. Nos fazia bem tê-lo por perto”, destacou.

O governador relembrou a trajetória do profissional, que se confunde com a do estado e da comunicação acreana. “Sua dedicação em mostrar as belezas naturais do nosso Acre será sempre lembrada, pois amava este estado e fazia questão de ajudar quem trabalhava no turismo, por meio da fotografia, sendo muito conhecido por realizar expedições à Serra do Divisor, alavancando o setor”, destacou, ao expressar condolências aos familiares e amigos.

Val Fernandes, colega de profissão, escreveu: “Segue tua luz, meu amigo. Guardo os registros fotográficos que fiz de você. Segue a luz, aquela que tu tão bem capturava”.

Luz, mansidão e uma paixão pela floresta e seus habitantes. Um anfitrião apaixonado pelo seu estado. É difícil encontrar um profissional da comunicação que não tenha alguma história para contar com o fotojornalista.

“O flash da sua câmera hoje se apagou. Mas a sua luz vai continuar irradiando por muitas décadas. Sua memória será eternizada pelos seus ensinos sobre amor, paciência, amizade, cuidado e tantos outros adjetivos. Amigo não tem outra palavra que eu possa dizer que não seja: obrigada. Hoje você sai da vida, para entrar na história da fotografia”, disse a secretária de Comunicação,  Nayara Lessa.

Aqueles que compartilhavam as pautas com Marcão sabem como era sensível aos detalhes. Um bom parceiro que, nas horas vagas, contava boas histórias de sua vasta trajetória no jornalismo acreano.

Há um texto de Lya Luft, intitulado Estamos Todos na Fila, que fala exatamente sobre como agimos no intervalo de tempo em que estamos neste plano, sobre como cada um viveu e como será lembrado após sua partida.

Foto: Alisson Oliveira/Secom

A escritora começa dizendo que a cada minuto alguém deixa este mundo pra trás; “Não sabemos quantas pessoas estão na nossa frente. Não dá pra voltar pro ‘fim da fila’. Não dá pra sair da fila. Nem evitar essa fila. Então, enquanto esperamos a nossa vez, faça valer a pena cada momento vivido aqui na Terra. Tenha um propósito. Motive pessoas”.

Ao avaliar o legado de Marcos Vicentti, um grande profissional, mas, acima de tudo, um ser humano incrível e gigante, esse mérito lhe cabe, porque viveu com gentileza, retidão e entregou sementes para cada um daqueles que dividiram a vida com ele.

Aos amigos, principalmente os que compartilharam o dia a dia com ele, a lacuna que fica é muito grande. Mas a missão de todos é preservar e continuar compartilhando os ensinamentos de um mestre altruísta, que fez um caminho admirável na profissão e na vida.

Hoje, em uma só voz, a comunicação é quem se dirige ao Marcão: “Somos gratos”.

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