Banho de cuia
Francisco Dandão – Começou o campeonato acreano de futebol de 2025. Até aqui já foram realizadas duas rodadas: oito jogos. Como não poderia deixar de ser, levando-se em conta o período do ano, começou debaixo de muita chuva. Mas nada que tenha impedido a realização de alguma partida programada.
Em princípio, uma novidade pra lá de boa. A de que a competição está sendo desenvolvida em dois estádios: o Florestão, de propriedade da Federação de Futebol do Acre (única entidade desse nível a possuir uma praça esportiva) e a Arena da Floresta, administrada pelo Governo do Estado.
Nos anos ligeiramente anteriores, como se sabe, o abandono da Arena da Floresta por parte dos poderes públicos fez com que todas as competições fossem jogadas no estádio Florestão. Tantas partidas que se tornava impossível o gramado resistir aos pisoteios. E tome jogos num lamaçal.
Mas fora isso, o que eu estou achando legal até aqui é que os times, mesmo os menos qualificados, parecem ter sido montados em busca do gol, apostando na ousadia e na felicidade. Essa minha impressão inicial se baseia no fato de que nenhum jogo até aqui terminou com o placar em branco.
Muito pelo contrário. Estão acontecendo, isso sim, placares bem contundentes. Casos de Galvez 3 x 2 Plácido de Castro, Independência 0 x 3 Vasco da Gama, Adesg 6 x 2 Plácido de Castro, Independência 3 x 0 Rio Branco e Galvez 2 x 2 Humaitá. Gol, como dizem por aí, é a alegria do povo!
Essa profusão de gols, especulam os meus espiões Toinho Bil e Joraí, sempre ligados nos bastidores, além da montagem das equipes supostamente ter privilegiado os ataques, também pode ser entendida por uma eventual providencia de fazer os artilheiros dormirem com os “pés na forma”.
Um artilheiro com “o pé na forma”, segundo um antigo manual da profissão, escrito por um certo Salim Beckham, nos primórdios do esporte bretão, e contrabandeado pelos primeiros corsários ingleses que aportaram no litoral da Bahia, não perde gol cara a cara e nem chutando à distância.
O que ainda não se viu até aqui, depois desses primeiros combates, sempre de acordo com os meus espiões, foi nenhum daqueles lances chamados “banho de cuia”. Um lance, aliás, de extrema plasticidade, que atesta a habilidade de quem aplica e costuma levar as plateias ao delírio.
O meu palpite, para finalizar esse papo “cerca Lourenço” de hoje é que os jogadores atuais não sabem mais o que é um “banho de cuia”. Com a tecnologia atual, talvez nem se lembrem o que é uma torneira. O negócio deles agora deve ser apenas sauna, banheira de hidromassagem e que tais!
Francisco Dandão – cronista e tricolor – sabe tudo e um pouco de futebol
