Lula e a fadiga de material, por Luís Nassif
O que ocorre com a queda de popularidade de Lula é simples de entender: fadiga de material. Lula foi candidato a presidente da República em 6 eleições. Caminha para sua 7ª eleição. Ou seja, assumiu a liderança do bloco progressista em 1989 e só largará em 2030 – caso vença as próximas eleições.
Não preparou e nem pretende preparar um sucessor. Lula é o candidato dele mesmo. O que seria um ótimo sinal de avanço com continuidade se conseguisse, ao menos, recauchutar o material, o discurso político e entender a nova etapa do país.
Até agora, não há sinais de que isso aconteça.
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✔Não vai mexer na política econômica neoliberal e esse é o nó desde a década de 90 no país. Aposta no modelo e na ampliação política ao centro e à direita para isolar o bolsonarismo e seu primitivismo humano e político – J R Braña B.
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A indicação de Gleisi Hoffmann para Ministra das Relações Institucionais acalmará um pouco o mar de intrigas em que se transformou o Palácio do Alvorada. Significa que Lula será mesmo candidato em 2026. Essa constatação servirá para amansar o Ministro-Chefe da Casa Civil, Rui Costa, que desde 2019 acalenta o sonho de ser o sucessor de Lula. Agora, é possível que reduza as pressões sobre Fernando Haddad.
Haddad está desenvolvendo seu programa industrial de transição energética quase sub-repticiamente, para não despertar a animosidade e pressão de Rui Costa.
Os problemas do governo não decorrem do preço dos alimentos ou da inflação. Decorre da falta de uma imagem, da falta de uma utopia, de uma indicação sobre qual o país que pretende construir.
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✔Não há como ter utopia com um modelo de juros altos, inexistência de um projeto de reindustrialização, inteligência e desenvolvimento de um Brasil tecnológico, dono de si próprio. A população espera sempre mais de Lula que Bolsonaro por razões óbvias…Por isso a decepção também é maior quando as coisas não acontecem como pensávamos que poderia acontecer – J R Braña B.
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Não é um problema de comunicação, nem se resolve colocando os Ministros para correr o país contando suas obras. Ou o próprio presidente aparecendo mais em redes sociais.
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✔Isso é uma bobagem achar que o problema é comunicação…comunicação é consequência…Quem fala pelo governo que não seja o Lula? Depois que Flávio Dino saiu ninguém mais fala…Ninguém enfrenta os adversários e ninguém mostra o que está sendo feito de diferente porque não está acontecendo nada de excepcional nem diferente na essência porque se optou pela manutenção do que está aí e ponto final – J R Braña B.
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Falta o projeto, o sonho, a construção do futuro. JK conseguiu incendiar o imaginário nacional em condições econômicas imensamente piores que as de Lula. Enfrentava inflação, contas externas em pandareco, contas fiscais em crise, campanha diária da imprensa acusando-o de corrupto. Mas conseguiu recriar o sonho do grande país.
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✔Já se foram dois anos e não há na mente do povo um sonho proposto pelo governo. Porque para haver sonho esse modelo econômico neoliberal excludente precisa de ser derrotado dentro do governo e não será. Fim da escala 6×1, que seria um tema de grande ressonância entre os trabalhadores mais sofridos(das empresas privadas), o governo simplesmente faz ouvido de mercador – J R Braña B.
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Até agora, Lula não mostrou nada, a não ser a reedição do objetivo – meritório, porém já assimilado – de reduzir a fome.
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✔Que não sensibiliza mais também – J R Braña B.
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Não entendeu que o Bolsa Família já se tornou um direito adquirido dos brasileiros. Não é considerado mais uma benesse do governo, mas algo incorporado ao dia a dia das famílias mais necessitadas.
O país precisa de mais coisas, de um objetivo unificador. Mais do mesmo, da parte de Lula, significará ou a derrota em 2026, ou a pasmaceira que manterá o domínio do Centrão sobre o orçamento.
Luis Nassif
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✔Essa é a lógica: que o centrão, na verdade, a direita ‘civilizada’ e seu mercado siga dando as cartas no país e nada, absolutamente nada mude de fato como deveria mudar…E a conveniência dessa acomodação servirá de proteção política futura…Não ao povo que precisa, claro – J R Braña B.